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NET CETERA
Os contos de Coppola
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
Uma das melhores revistas
disponíveis na Internet
chega ao seu 15º número como
começou: discreta e obrigatória.
É a quadrimestral "Zoetrope
-°All Story" (http://www.zoetro
pestories.com/index.html),
criada pelo cineasta norte-americano Francis Ford Coppola.
Em seu "manifesto" de estréia, de fevereiro de 1997, o autor de "O Poderoso Chefão" e
"Apocalipse Now" fazia a elegia
dos contos e dizia que estes norteariam seu site. Afirmava ele
então: "Nunca conheci uma
pessoa no mundo do cinema
que gostasse de ler um roteiro.
(...) Já ler um conto é quase sempre uma experiência agradável.
E, quando não é, pelo menos
acaba rápido".
A seguir, Coppola lembrava a
afinidade entre as duas modalidades (roteiros e contos) e como o cinema já se valeu muito
mais disso. "Psicose", "Janela
Indiscreta" e "Matar ou Morrer", entre vários outros filmes,
foram baseados em contos publicados.
Terminava dizendo que sua
revista privilegiaria o gênero e
as reflexões feitas sobre ele.
Cumpriu a promessa. O número mais recente, já no ar (e
nas bancas, uma vez que a publicação tem sua contrapartida
impressa), por exemplo, traz
um texto excepcionalmente
acessível do britânico Peter
Greenaway, em que discute seu
"O Livro de Cabeceira", baseado no texto da cortesã japonesa
do século 11 Sei Shonagon.
Na edição anterior, da virada
do ano, "Zoetrope" reúne um time de estrelas de fazer inveja ao
corpo editorial da melhor época
da "The New Yorker". Abre
com o próprio Coppola, com a
peça em um ato "Seja Criativo".
Segue com o dramaturgo Edward Albee, com o ensaio "Por
Que Escrever Peças?"; o ator
Willem Dafoe ("Por Que Atuar
em Teatro?"); e, o melhor de todos, um inédito do escritor Don
DeLillo, "The Mistery at the
Middle of the Ordinary Life",
entre vários outros.
Vale a pena reproduzir o começo do que diz Coppola em
sua peça de dois personagens,
VOCÊ, o leitor, e o EDITOR, um
senhor barbado de 61 anos:
"VOCÊ: Ei! O que é isso? Eu
pensei que tivesse assinado uma
revista de contos. O que são estas peças de um ato?
EDITOR: E quem disse que
estas peças não são contos? Que
não valem como literatura?
VOCÊ: Mas peças não existem
para ser vistas?
EDITOR: Sim, mas também
são muito agradáveis de ler. A
primeira peça que li com grande
prazer foi "Um Bonde Chamado
Desejo". Eu tinha 15 anos e fui
atraído pela capa da edição. Foi
a primeira vez que mergulhei
numa história. Fiquei comovido e encantado. O texto me fez
querer ser um dramaturgo e desistir de ser físico nuclear."
E é só o começo. E tem mais 14
edições. Imperdível.
E-mail : sergiodavila@uol.com.br
Site: www.uol.com.br/sergiodavila
MAIS TRÊS COISAS
1. Descontrole remoto
Se você é como eu, eis o seu site de viagem:
www.amigoingdown.com ("Am I Going Down?", ou "eu vou
cair?"). Você coloca sua cidade de origem, de destino, o dia da
viagem e a companhia aérea e fica sabendo quais são as chances
de seu avião cair, estatisticamente. Por exemplo: a empresa mais
segura do mundo é a australiana Qantas. E o trecho mais
perigoso, entre Jacarta e Garuda, na Indonésia.
2. Só não vale...
Você é homem ou mulher? Claro, você sabe o que é, mas e um
site que adivinha baseado em 50 respostas de dupla escolha? É o
www.thespark.com/gendertest. Acertou comigo. Uma delas:
prefere morrer de queda ou afogado?
3. O site da semana
www.rent-a-relative.com
Festa de família e você sem namorado(a)? Casamento de primo e
você sem tempo? Jantar da empresa e você envergonhado de sua
origem humilde? Alugue um parente. Sério: existe uma empresa
que aluga pessoas e acha até sósias seus, se for o caso. É o
inacreditável Rent-a-Relative, por enquanto só nos EUA.
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