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TEATRO
Naum Alves de Souza reúne série de livros infanto-juvenis de Gilberto Dimenstein e Heloísa Prieto em texto único
"Mano" ganha adaptação para o palco
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Mano descobre o teatro. Este
poderia ser mais um título de Gilberto Dimenstein e Heloísa Prieto
na série infanto-juvenil sobre cidadania e responsabilidade social
que publicam desde 2001.
Os quatro primeiros livros do
projeto educacional ("Mano Descobre o Amor", "Mano Descobre
a Liberdade", "Mano Descobre a
Solidariedade" e "Mano Descobre
a Diferença", todos lançados em
parceria pelas editoras Senac e
Ática) foram adaptados por
Naum Alves de Souza em único
texto teatral.
O espetáculo "Mano", com direção do próprio Souza, pré-estréia no próximo dia 20, para convidados, e faz temporada a partir
do dia 23 no Teatro Popular do
Sesi, em São Paulo.
Em "Mano", o protagonista
Hermano tem 13 anos e seu apelido encerra um redutivo do próprio nome, a condição de irmão e
o tratamento comum entre os jovens que se alimentam da cultura
da periferia, rap à frente.
No espetáculo, Mano tem pais
separados. A mãe é psicóloga e
namora um arquiteto. O pai é um
executivo "adultescente", imaturo. O irmão, três anos mais velho,
envolve-se com as drogas influenciado por um colega que é filho de
"ricaços" que devotam mais carinho a Miami.
O avô, jornalista aposentado
que foi ativista político durante o
regime militar (1964-85), a empregada Shirley, que convive em
espaço de igualdade e respeito
dentro da casa; a namorada do irmão e a futura namorada de Mano, que ele conhece em um papo
virtual, são alguns dos demais
personagens agregados à história.
Segundo Souza, 59, a peça
transcende o universo juvenil.
"Os problemas e situações são
pertinentes ao público adulto.
Conflitos familiares, filho com
problema de drogas, pais separados, classes diferentes que convivem na mesma casa, tudo é tratado com leveza, mas também com
seriedade. Situações cômicas surgem, evidentemente, por causa
dos encontros, desencontros, falas inconvenientes da empregada
Shirley e até pela descoberta, por
Mano, do amor", afirma o autor
de "A Aurora da Minha Vida".
O jornalista Gilberto Dimenstein, membro do Conselho Editorial da Folha, destaca o recurso do
afeto que a família e os amigos
usam para dar alternativas ao irmão de Mano, que não as drogas.
"A gente retrata a criança e o jovem contemporâneos preocupados, por exemplo, com a violência
que muda o sentido da existência
de quem vive numa cidade como
São Paulo", diz Dimenstein, 45.
Na peça, a namorada do irmão
de Mano é uma arquiteta que propõe azulejar as calçadas da cidade.
Os espectadores compartilham
dessa proposta na vida real, quer
na calçada do prédio onde fica o
Teatro Popular do Sesi, na avenida Paulista, quer na praça em
frente ao endereço, na qual foram
cimentados ladrilhos coloridos
que sugerem caminhos para uma
ação de cidadania.
A idéia integra o projeto Mano a
Mano, em parceria com a Cidade
Escola Aprendiz, ONG que pesquisa e divulga metodologias de
ensino. A peça, como os livros, incentiva a reflexão por meio de citações de Voltaire e Gandhi, por
exemplo, esperança e pacifismo.
MANO - Texto: Gilberto Dimenstein e
Heloísa Prieto. Adaptação e direção:
Naum Alves de Souza. Com: Fernando
Paz, Elcir de Souza, Neal Marcondes, Vera
Villela, Marcos Ferraz e outros. Onde:
Teatro Popular do Sesi (av. Paulista,
1.313, tel. 0/xx/11/3284-2268. Quando:
estréia para o público dia 23, às 15h; sáb.
e dom., às 15h. Até 30/6. Quanto: grátis
(retirar ingresso até as 14h na bilheteria).
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