São Paulo, quinta-feira, 14 de março de 2002

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TEATRO

Naum Alves de Souza reúne série de livros infanto-juvenis de Gilberto Dimenstein e Heloísa Prieto em texto único

"Mano" ganha adaptação para o palco

VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Mano descobre o teatro. Este poderia ser mais um título de Gilberto Dimenstein e Heloísa Prieto na série infanto-juvenil sobre cidadania e responsabilidade social que publicam desde 2001.
Os quatro primeiros livros do projeto educacional ("Mano Descobre o Amor", "Mano Descobre a Liberdade", "Mano Descobre a Solidariedade" e "Mano Descobre a Diferença", todos lançados em parceria pelas editoras Senac e Ática) foram adaptados por Naum Alves de Souza em único texto teatral.
O espetáculo "Mano", com direção do próprio Souza, pré-estréia no próximo dia 20, para convidados, e faz temporada a partir do dia 23 no Teatro Popular do Sesi, em São Paulo.
Em "Mano", o protagonista Hermano tem 13 anos e seu apelido encerra um redutivo do próprio nome, a condição de irmão e o tratamento comum entre os jovens que se alimentam da cultura da periferia, rap à frente.
No espetáculo, Mano tem pais separados. A mãe é psicóloga e namora um arquiteto. O pai é um executivo "adultescente", imaturo. O irmão, três anos mais velho, envolve-se com as drogas influenciado por um colega que é filho de "ricaços" que devotam mais carinho a Miami.
O avô, jornalista aposentado que foi ativista político durante o regime militar (1964-85), a empregada Shirley, que convive em espaço de igualdade e respeito dentro da casa; a namorada do irmão e a futura namorada de Mano, que ele conhece em um papo virtual, são alguns dos demais personagens agregados à história.
Segundo Souza, 59, a peça transcende o universo juvenil. "Os problemas e situações são pertinentes ao público adulto. Conflitos familiares, filho com problema de drogas, pais separados, classes diferentes que convivem na mesma casa, tudo é tratado com leveza, mas também com seriedade. Situações cômicas surgem, evidentemente, por causa dos encontros, desencontros, falas inconvenientes da empregada Shirley e até pela descoberta, por Mano, do amor", afirma o autor de "A Aurora da Minha Vida".
O jornalista Gilberto Dimenstein, membro do Conselho Editorial da Folha, destaca o recurso do afeto que a família e os amigos usam para dar alternativas ao irmão de Mano, que não as drogas.
"A gente retrata a criança e o jovem contemporâneos preocupados, por exemplo, com a violência que muda o sentido da existência de quem vive numa cidade como São Paulo", diz Dimenstein, 45.
Na peça, a namorada do irmão de Mano é uma arquiteta que propõe azulejar as calçadas da cidade. Os espectadores compartilham dessa proposta na vida real, quer na calçada do prédio onde fica o Teatro Popular do Sesi, na avenida Paulista, quer na praça em frente ao endereço, na qual foram cimentados ladrilhos coloridos que sugerem caminhos para uma ação de cidadania.
A idéia integra o projeto Mano a Mano, em parceria com a Cidade Escola Aprendiz, ONG que pesquisa e divulga metodologias de ensino. A peça, como os livros, incentiva a reflexão por meio de citações de Voltaire e Gandhi, por exemplo, esperança e pacifismo.


MANO - Texto: Gilberto Dimenstein e Heloísa Prieto. Adaptação e direção: Naum Alves de Souza. Com: Fernando Paz, Elcir de Souza, Neal Marcondes, Vera Villela, Marcos Ferraz e outros. Onde: Teatro Popular do Sesi (av. Paulista, 1.313, tel. 0/xx/11/3284-2268. Quando: estréia para o público dia 23, às 15h; sáb. e dom., às 15h. Até 30/6. Quanto: grátis (retirar ingresso até as 14h na bilheteria).



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