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DISCOS/LANÇAMENTOS
Jazz maiúsculo
Divulgação
![](../images/i1403200303.jpg) |
Thelonious Monk quando gravou 'Brilliant Corners' |
Ying-yang do piano jazzístico, Bill Evans e Thelonious Monk
puxam estrelado pacote de CDs
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CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Não seriam poucos os ouvintes da melhor música
que, ao toparem com o gênio da
lâmpada do jazz, gastariam um de
seus três desejos com discos como
"Brilliant Corners", de Thelonious Monk, ou "Sunday at the
Village Vanguard", de Bill Evans.
Faróis de Alexandria desse gênero, essas gravações puxam a fila
do segundo pacote de 20 CDs do
conglomerado jazzístico Fantasy
que a BMG Brasil lança no país.
Profetas de caminhos bem diferentes nos brancos e pretos do
piano, Monk e Evans chegaram
nesses discos aos seus mais bem
acabados evangelhos.
"Briliant Corners", de 1956, não
é o primeiro nem o último dos
grandes discos de Thelonious
Sphere Monk (1917-1982), mas é a
sua linguagem, talvez a mais original já criada por um músico de
jazz, em carne viva.
Na capa, o pianista aparece cercado de quatro imagens suas refletidas em espelhos. São cinco
Monks ao mesmo tempo, personificação de um dos aspectos
mais intrigantes de sua música: a
transposição para os sons do que
representou o cubismo nas artes.
Se Monk aproxima-se de Picasso (como Miles Davis) é de outro
paradigma da pintura moderna,
Matisse, que Bill Evans se achegaria. Tal como o mestre francês, o
pianista de Nova Jersey (1929-1980) deixou em sua área marcas
definitivas de elegância, lirismo,
sofisticação técnica. Como o pintor de "A Dança", foi Evans um
revolucionário sem rupturas.
Foi em um domingo de 1961 no
clube Village Vanguard, em Nova
York, que tudo isso ganhou seu
melhor retrato. E não é só Evans
que sai bem na foto. A gravação
marca o ponto mais alto da breve,
mas explosiva, trajetória do baixista Scott LaFaro.
Menos de 15 dias depois da sessão nova-iorquina, um acidente
de carro encerraria, aos 25 anos,
uma das mais promissoras carreiras do contrabaixo jazzístico. LaFaro se despediu com um dos
maiores discos "ao vivo" da história do gênero.
Na mesma lista não seria exagerado incluir outro CD lançado no
pacote da BMG. "Jazz at the Massey Hall" junta no mesmo palco
(atenção, senhoras e senhores):
Dizzy Gillespie (trompete), Bud
Powell (piano), Max Roach (bateria), Charles Mingus (baixo) e
Charlie Parker (sax), creditado na
capa como "Charlie Chan", por
razões contratuais.
Cinco dos melhores músicos de
quem o jazz tomou conhecimento, eles fazem nesse raro espetáculo em Toronto (Canadá), em 1953,
uma síntese do gênero.
Improviso é palavra-chave. Tudo é improvisado nesse encontro:
do sax plástico que Parker pega
emprestado de última hora às divertidas intervenções vocais de
Gillespie no tema "Salt Peanuts".
Mas é no improviso musical, propriamente, que as letras "g", "e",
"n", "i", "a" e "l" se conectam.
Nem a qualidade precária (improvisada) da gravação ofusca.
Não é tudo. O pacote Fantasy,
que teve seus primeiros 20 CDs
lançados em dezembro -e que,
promete a BMG, continuará-,
tem mais um bom punhado de
exemplos do jazz maiúsculo.
"The Incredible Jazz Guitar of
Wes Montgomery", algo do melhor que a guitarra já deu ao jazz, é
um deles. Disco seminal, de 1960,
divide a marquise da elegância
com o marco cool "Chet", de Chet
Baker, e com o espetacular "The
Hawk Flies High", do impecável
sax tenor Coleman Hawkins.
A lista de marcos continuaria.
Paciência, gênio da lâmpada do
jazz. Paciência.
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