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ARTES PLÁSTICAS
Mostra na galeria Vermelho traz os resultados dos trabalhos de três artistas no projeto Jamac
Exposição revela ações artísticas no Jardim Miriam
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
A ação artística como estratégia
de mudar o cotidiano tem sido
uma plataforma recorrente, desde
o início do século 20. Há cerca de
um ano, três artistas iniciaram
um projeto no Jardim Miriam,
bairro da periferia na região sul de
São Paulo, visando transformar
não só a vida dos moradores da
comunidade como também dos
próprios agentes dessa iniciativa.
O trio é formado por Mônica
Nador, que desde o início dos
anos 90 passou a pintar muros de
casas em vez de paredes dos museus -"Achava que estava gastando tinta onde não era necessário", diz-, e os gaúchos Lúcia
Koch e Fernando Limberger,
egressos do movimento Arte
Construtora, do início dos 90, um
coletivo que buscava expandir os
locais de ação do artista.
A partir de amanhã, os três
apresentam os resultados do primeiro ano de trabalho na galeria
Vermelho, em SP, numa exposição cujos resultados das vendas
serão revertidos para o Jamac
(Jardim Miriam Arte Clube).
Essa ação tem chamado a atenção não só de curadores brasileiros, como Ivo Mesquita e Aracy
Amaral, que fazem parte do conselho do Jamac, como de estrangeiros, caso de Roger Bruegel, responsável pela Documenta de Kassel. Em visita a São Paulo, em dezembro de 2004, Bruegel escolheu
o local como um dos poucos por
onde passou. No ano passado, a
experiência do Jamac foi tema do
"Trópico na Pinacoteca", com um
resumo no site da revista
(www.uol.com.br/tropico).
"Nossos primeiros meses foram
para passar a pertencer ao local,
criar canais de comunicação,
abrir espaços", conta Koch. Para
tanto, o trio alugou uma casa no
bairro e, durante os seis primeiros
meses, organizou cursos com o
apoio do Centro Cultural Banco
do Brasil. Apesar de se tratar de
uma ação coletiva, cada artista desenvolveu um projeto específico:
Nador com pinturas de paredes,
Koch com luz e ambiente e Limberger com jardinagem.
O que se vê na Vermelho não é
apenas o registro das ações dos
artistas e do grupo que hoje se
reúne em torno deles mas também uma transposição dos procedimentos descobertos nesse primeiro período de atuação.
Koch, artista de outra galeria, a
Casa Triângulo, construiu uma
parede de elementos vazados sobrepostos, como tem feito nas paredes das casas da periferia, uma
forma de melhorar a circulação de
ar nas moradias que, em geral,
economizam em janelas devido
ao custo do material.
Limberger apresenta um viveiro
de plantas, como o existente na
sede do Jamac, e os materiais que
desenvolveu para mantê-las, enquanto Nador pinta as paredes da
galeria com os motivos criados no
Jardim Miriam, com o auxílio de
Daniela Gedaise Prado Vidoeiras,
uma das adolescentes envolvidas
no projeto, que recebe uma bolsa
mensal para tanto. "É meu trabalho também, pois eu participo dele", conta Vidoeiras.
Já no primeiro andar da galeria,
Marcelo Zocchio, que realizou
um workshop de fotografia no Jamac, apresenta a instalação "Utilidades Domésticas". Em 12 fotografias, registros de móveis feitos
a partir de madeira reciclada,
Zocchio cria situações tridimensionais. Bancos de madeira e típicas luminárias de casas populares
compõem a instalação, que pela
apropriação de elementos do cotidiano gera forte diálogo com as
propostas do Jamac.
Jamac e Utilidades Domésticas
Onde: galeria Vermelho (r. Minas Gerais,
450, SP, tel. 0/xx/11/3257-2033)
Quando: abertura amanhã, 20h; de ter.
a sex., das 10h às 19h; sáb., das 11h às
17h; até 9/4
Quanto: entrada franca
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