São Paulo, sexta-feira, 14 de abril de 2000


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TEATRO

>"Patty Diphusa" retrata mulher moderna

da Redação

Grávida de cinco meses, casada, mãe de Isadora, 2, a atriz e produtora Christiane Tricerri, 38, vive a própria representação dos dilemas da mulher moderna, dividida entre o trabalho, a casa e a construção do afeto, para ficar no tripé básico. Confere, em alguma medida, com as vicissitudes de Patty Diphusa, a personagem de Pedro Almodóvar que estilhaça as convenções e deita o verbo -e o corpo- na adaptação que estréia hoje no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), em São Paulo.
"Melodramaticamente, a vida exige mais das mulheres, que têm que parir, suprir o lar", arrisca a atriz no sociologuês. "A Patty fala muito disso, de nós, as outras, condenadas às trivialidades, dedicadas à prostituição, ao terrorismo, a cuidar de criança ou fazer ginástica." Ufa!
"Patty Diphusa", o livro, traz crônicas que o cineasta espanhol publicou ao longo dos anos 80, na revista "La Luna". Reunidas em 91, as histórias compõem uma espécie de pseudo-autobiografia de Almodóvar. Porém, sob a perspectiva de uma atriz pornô.
A adaptação para o palco, assinada pela própria Tricerri, costura o eixo da narrativa com os personagens que se relacionam com Patty (sempre "páti", não "péti").
Há o taxista (Milhem Cortaz, o premiado intérprete de "A Boa"), por exemplo, com quem ela protagoniza uma transa impagável. Ou o marinheiro (Ricardo Nasch). Ou ainda o editor (José Germano Mello), todos na palma da sua mão.
O diretor é Fernando Guerreiro, um dos principais nomes do teatro baiano ("A Bofetada", 88). O flerte com o besteirol não pressupõe que a montagem vá enveredar pelo mesmo caminho. Afinal, ninguém chega a Almodóvar sem passar pelo corredor do melodrama (em tempo: é a primeira vez que se tem notícia de montagem nacional baseada no autor de "Carne Trêmula").
"A minha estética continua, o que muda é o conteúdo", explica Guerreiro. "O escracho continua, os atores ficam à vontade." Os cenários e figurinos são de Oswaldo Gabrielli, do grupo XPTO. A trilha é glamourosa: vai da disco ao bolero. (VALMIR SANTOS)


Peça: Patty Diphusa
Autor: Pedro Almodóvar
Adaptação: Christiane Tricerri
Com: Tricerri, Milhem Cortaz e outros
Quando: estréia hoje, às 21h30; qui. a sáb., às 21h30; dom., às 20h
Onde: Teatro Brasileiro de Comédia -sala TBC (r. Major Diogo, 315, Bela Vista, tel. 0/xx/11/3115-4622)
Quanto: R$ 15


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