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São Paulo, segunda-feira, 14 de abril de 2003

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QUADRINHOS

"Não há crise", diz responsável pela Marvel e pela DC no Brasil, em resposta a redator-chefe da Abril Jovem

Panini rebate a crise com mais heróis

Divulgação
Imagem de "Wolverine: Netsuke", série publicada pela Panini, que domina segmento de heróis


DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Os quadrinhos de super-heróis vão muito bem, obrigado. A afirmação é do diretor-presidente da Panini Brasil, José Eduardo Severo Martins, 53, que edita as revistas da Marvel e da DC no país.
Na semana passada, o redator-chefe da Abril Jovem, Sérgio Figueiredo, que repassou os direitos da linha de heróis americanos à editora italiana em 2002, afirmou em entrevista à Folha que as HQs viviam uma crise mundial, se comparadas ao sucesso de vendas das décadas de 80 e 90.
"Isso demonstra que ele não está bem informado sobre a Marvel, a DC e o segmento de HQs no exterior", rebate Martins. "Talvez até pelo tempo em que ele está fora de contato com esse universo."
No Brasil desde 1989, a Panini instalou-se por aqui em uma parceria com a editora Abril para imprimir figurinhas, ramo em que a editora italiana se especializou desde os anos 60.
No final de 2001, com a expectativa da estréia de novos filmes da Marvel nos cinemas, a Panini comprou a parte da Abril e assumiu definitivamente a publicação dos quadrinhos de heróis no país (heróis da DC, como Super-Homem, Batman, Mulher-Maravilha etc., ficaram com a Abril por mais alguns meses, até passarem também à Panini).
"Nós tínhamos uma expectativa maior e chamamos para trabalhar conosco gente que acreditava no segmento", explica Martins, referindo-se à equipe da pequena editora Mythos, que já tinha então licença para publicar alguns personagens das "majors" americanas. "Em um ano partimos de um plano inicial de publicar seis títulos e terminamos publicando 19 da Marvel e mais quatro da DC."
As expectativas para 2003, afirma o diretor-presidente da companhia, são ainda maiores: 25 títulos da editora Marvel, seis da DC e oito mangás.
Um dos motivos de a empresa ter dado lucro em 2002, quando teve um faturamento líquido de cerca de R$ 5 milhões, teria sido o gerenciamento de um problema com que sofrem a maioria dos editores do país: a porcentagem de encalhe em bancas.
Segundo Martins, o encalhe de cerca de 50% que a Abril tinha de encarar todo final de mês foi reduzido para uma média de 35% desde que a Panini entrou no mercado.
"Ninguém ganha com o encalhe, só a gráfica. Conseguimos fazer um estudo dos pontos de venda e vimos que não interessava para a gente estar em todos os lugares do país", diz.
As tiragens de 20 mil exemplares, baixas na opinião de Figueiredo, são, por outro lado, comemoradas por Martins. "O que houve no início da década de 90 foi um inflacionamento de vendas. Era uma demanda irreal sustentada por leitores que compravam várias versões de um mesmo título pensando no valor de mercado que elas teriam no futuro. Era comum ver pessoas que compravam uma revista para ler e outra para guardar", argumenta.

Mangá
Mesmo apostando numa venda maior das revistas de heróis com a chegada dos filmes "X-Men 2" e "Hulk" aos cinemas ainda neste ano, Martins não esconde o interesse em investir cada vez mais na onda dos desenhos animados/ quadrinhos japoneses.
"O Mangaverso [versão inspirada em mangá dos heróis da Marvel" já foi uma tentativa de atrair as crianças que vêem na TV e buscam alguma coisa para ler. A TV é uma aliada muito importante para esses quadrinhos", ressalta, adiantando que as revistas da nova linha Tsunami, outra tentativa da Marvel americana de abocanhar parte do filão das HQs orientais, também devem chegar ao Brasil ainda neste ano.
Além de relançamentos clássicos da DC ("Batman: Asilo Arkham" e "Crise nas Infinitas Terras"), a editora vai publicar, neste mês, a série "Deadpool" e a conclusão de "Wolverine: Netsuke", recente incursão do herói da Marvel ao Japão feudal.



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