São Paulo, quarta-feira, 14 de abril de 2004

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Diversidade de Gismonti inaugura temporada da Banda Sinfônica de SP

IRINEU FRANCO PERPETUO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Sinal dos novos tempos por que passa a Banda Sinfônica do Estado de São Paulo: para fazer a primeira apresentação do ano, no novíssimo Steinway do teatro Sérgio Cardoso, o grupo não chamou nenhum concertista tradicional, mas sim o multiinstrumentista Egberto Gismonti.
Não que a escolha de Gismonti, 59, represente algum tipo de concessão em termos de qualidade. Em seu recital solo no Steinway do Espaço Promon, ano passado, o compositor mostrou estar com os dedos plenamente em forma.
"Resolvi trazer à Banda Sinfônica a diversidade que tenho tido em minha atuação profissional", explica Abel Rocha, que faz sua primeira temporada como regente titular e diretor artístico do grupo. "Já regi shows de música popular, e isso explica a presença de um artista como o Egberto em nossa programação. Em junho, vamos ter uma apresentação com o grupo teatral Parlapatões, Patifes e Paspalhões, em um programa que enfoca a ironia na linguagem musical", explica Rocha.
A mescla de linguagens não vai só ao teatro. "Para outubro, temos agendado um concerto com a música de cinema paulista. Vai ser um espetáculo multimídia, em parceria com o Museu da Imagem e do Som", conta o maestro.
Tendo agora o Sérgio Cardoso como sede, a banda abriu uma série de assinaturas com nove apresentações, contando com convidados como o regente Roberto Tibiriçá, o grupo Sujeito a Guincho e o oboísta Alex Klein e fechando com a ópera "Orfeo", de Cláudio Monteverdi (1567-1643), que está sendo transcrita para a Banda Sinfônica pelo próprio Rocha. A direção cênica será de William Pereira, e o elenco deve ter nomes como o barítono Paulo Szot e a soprano Eiko Senda.
A Banda Sinfônica é um grupo com dimensões de orquestra, diferente, contudo, na formação, que privilegia os sopros em detrimento das cordas. A apresentação de hoje deve abrir com uma transcrição das "Bachianas Brasileiras nš 7", de Villa-Lobos.
Em seguida, Gismonti sobe ao palco para mostrar composições próprias, como a suíte "Strawa no Sertão" -uma especulação musical que mescla procedimentos do compositor russo Igor Stravinski (1882-1971) ao colorido sonoro do Nordeste brasileiro.


EGBERTO GISMONTI E BANDA SINFÔNICA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Quando: hoje, às 21h. Onde: Sérgio Cardoso (r. Rui Barbosa, 153, SP, tel. 0/xx/11/288-0136). Quanto: R$ 20.


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