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ARTES PLÁSTICAS
Retrospectiva exibe cerca de 70 obras depois de quase 30 anos sem uma grande mostra sobre o pintor
Ritmo de Samson Flexor modula exposição
ALEXANDRA MORAES
ENVIADA ESPECIAL AO RIO DE JANEIRO
As modulações do franco-romeno Samson Flexor (1907-1971)
e seus diversos caminhos por
dentro da pintura ganham uma
retrospectiva, "Samson Flexor:
Modulações", no Instituto Moreira Salles, no Rio de Janeiro, depois
de quase 30 anos sem uma grande
mostra de suas obras -a última
foi realizada em 1975, no Museu
de Arte Moderna de São Paulo.
Além da oportunidade -rara,
já que as obras estão dispersas entre colecionadores particulares e
museus- de concatenar as telas
de Flexor, a exposição dá ao público a chance de ver pela primeira vez alguns trabalhos. É o caso,
por exemplo, do óleo realizado
em 1952 por Flexor e encontrado,
50 anos depois, num antiquário
parisiense, por seu ex-aluno Jacques Douchez. De 52 também é o
vitral produzido para a família
Hollnagel, em São Paulo, e cuja
reprodução em escala natural é
apresentada na mostra.
As obras, que ganham ressonância na incrível casa projetada
no fim dos anos 40 por Olavo Redig de Campos, estão agrupadas
de acordo com as várias fases do
artista, a partir de sua primeira
vinda ao Brasil, em 1946, e da atração de um pintor figurativo pela
abstração.
"Logo depois da Segunda Guerra, Flexor busca uma nova forma
de expressão, e sua obra muda
completamente", explica a curadora da mostra, Denise Mattar.
"Ele se volta para o cubismo e
busca nova escala cromática."
O começo da mudança é evidenciado na obra "Xícaras"
(1945), disposta ao lado de "Violão", "Naturezas-Mortas" e retratos já marcados por sua visita ao
Brasil, alguns produzidos depois
de sua chegada definitiva ao país,
em 1948, quando se fixou em São
Paulo.
Pouco depois de sua chegada,
Flexor integra a exposição "Do Figurativismo ao Abstracionismo",
no MAM paulistano, dirigido na
época por Leon Dégand.
"Os únicos "brasileiros" daquela
mostra eram Waldemar Cordeiro, Cícero Dias e Flexor", diz a curadora. Em 51, o artista inaugura
o Atelier Abstração, onde leciona
e se dedica ao abstracionismo.
"Ele cultivava uma posição
muito diferente da de Waldemar
Cordeiro, por exemplo, em relação à abstração. Flexor é muito
mais musical do que matemático", diz Mattar. Não à toa: também pianista, o pintor nunca deixou de lado a paixão pela música.
No vitral supracitado, por exemplo, notas musicais aparecem
sub-repticiamente.
A segunda fase de Flexor, chamada pela curadora de "Abstração Plena", ganha um núcleo com
algumas de suas obras fundamentais, como "Invenção Baiana"
(1952). "A partir dessas curvas é
que a obra dele adquire um ritmo
mais brasileiro, até chegar ao
ponto vertiginoso de obras como
os "Vai e Vem'", explica Mattar.
Em seguida, vêm "Abstração Lírica", "Abstração Outra" e
"Transparências", com a difusão
das cores até o trabalho quase exclusivo com branco e cinza claro,
no fim de sua vida, passando pela
imponência de seus "Bípedes".
A mostra segue em agosto para
a galeria de arte do Sesi, em SP, levando mais dez obras, como retratos anteriores aos anos 40, e
uma boa notícia: a reedição, pela
Edusp, de "Samson Flexor: Do Figurativismo ao Abstracionismo",
livro de Alice Brill lançado em
1990 e de edição esgotada.
SAMSON FLEXOR: MODULAÇÕES. Onde: Instituto Moreira Salles (r.
Marquês de São Vicente, 476, Gávea, Rio
de Janeiro, tel. 0/xx/21/3284-7400).
Quando: de ter. a dom., das 13h às 20h.
Até 20/7. Quanto: entrada franca.
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