PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

Continuam fora do ar os 12.943 fonogramas de música brasileira que o Instituto Moreira Salles (IMS) prometeu disponibilizar para audição livre via internet. Após a pane do sistema de conexão que colocaria a história da música nacional na rede, o IMS acabou por desistir do serviço da Telefônica.
"Por questão de segurança, decidimos mudar de fornecedor. Se não funcionou da primeira vez, achamos melhor não arriscar uma segunda", afirma o coordenador de música do IMS, José Luiz Herencia.
Foi contratada então a empresa Iqara, que "garante 99% de segurança com velocidade de 2 mb/segundo, e não 10%, como a Telefônica", segundo Herencia. A nova fornecedora prometeu concluir a instalação do sistema até o próximo dia 25 -um mês e dois dias após a primeira data.
Enquanto a instalação da novidade segue complicada, o Brasil já assiste a uma corrida à atividade de digitalização de acervos musicais.
Entre os 40 projetos recém-aprovados pela Petrobras para patrocínio nessa área em 2004, há propostas de digitalização de partituras do período colonial, de mais discos de 78 rpm, do Arquivo Paschoal Segretto e dos acervos musicais da Funarte e da Unicamp, entre outros.
Herencia, do IMS, manifesta preocupação com a falta de unificação entre todas essas iniciativas: "É uma febre de digitalização, temo que não dê em nada no futuro, se cada um fizer de um jeito diferente. É preciso uma coordenação, que só poderia partir de uma instituição isenta, como o Ministério da Cultura". Pedidos de apoio do IMS para a restauração dos acervos de Pixinguinha e Ernesto Nazareth não foram selecionados pela Petrobras.

O NÃO-LANÇAMENTO

Wilson Simonal já surfava nas ondas da pilantragem quando Caetano Veloso apanhou seu mote "Alegria, Alegria" (67) para transformá-lo em tropicália, o novo movimento. Foi a vez de entrar na jogada o agitador e marqueteiro Carlos Imperial, ex-mentor de Roberto Carlos e mentor de Erasmo, Simonal, pilantragem & outros lances. Montou A Turma da Pesada (com os feras Paulo Moura e Oberdan Magalhães, entre outros) e reformou a pilantragem neste disco-manifesto "Pilantrália" (68), feito de pot-pourris de bossa, soul, música brasileira antiga, temas pândegos ("Mamãe Passou Açúcar em Mim"), hinos futebolísticos de Lamartine Babo e cafajestagens várias (mulher, por exemplo, era tratada como "mulha", sem o mínimo respeito). O placar terminaria em tropicália 10, pilantrália 0. A EMI lança nos próximos dias caixa de CDs com a obra completa de Simonal em seus arquivos. Mas mantém guardada no baú a "Pilantrália" de Carlos Imperial e A Turma da Pesada.

JOBIM NA INTERNET
Entre os projetos aprovados pela Petrobras, está a digitalização do Acervo Antonio Carlos Jobim, que, segundo o projeto, consta de "dezenas de milhares de documentos pessoais, musicais e iconográficos".

ITAMAR EM PAPEL
Até o paulista maldito Itamar Assumpção foi contemplado. Seis anos após o lançamento de seu disco "Preto Brás" e um ano depois de sua morte, a Petrobras retribui ao Preto Brás, custeando o songbook "Preto Brás - Por que Eu Não Pensei Nisso Antes". Do Rio, o sambista também maldito Xangô da Mangueira será registrado em CD e livro.

MPB DOCUMENTADA
Outro projeto promete levantar e disponibilizar uma discografia essencial de LPs brasileiros, no intervalo 1950-90, "aproveitando os arquivos ainda existentes nas gravadoras". O acervo da Rádio Nacional será restaurado. E o programa de patrocínio apoiará a feitura de CDs e/ou DVDs de samba, choro, folia de reis, carimbó, afoxé, bossa nova (um documentário de Fernando Faro), a vanguarda erudita de Willy Corrêa de Oliveira etc.

REUNIÃO BLACK
O clube Urbano abrigará, no sábado 22, a reunião do grupo de black music dos anos 70 União Black. Sobem ao palco como convidados Luis Vagner, Nelson Triunfo, Thaíde, Rappin" Hood e SP Funk.

psanches@folhasp.com.br


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