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ARTES
Música, dança, exposição e inaugurações de biblioteca e de anfiteatro marcaram festa da abolição da escravatura
Museu Afro-Brasil celebra o 13 de maio
GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Com uma programação de
shows, performances, artes plásticas e dança, além da inauguração
de uma biblioteca e de um anfiteatro, o Museu Afro-Brasil celebrou ontem o dia 13 de maio, data
em que a princesa Isabel assina a
Lei Áurea (1888), acabando com a
escravidão legal no Brasil.
A festa teve caráter lúdico, embora o diretor do museu, o ex-secretário de Cultura do município
Emanoel Araújo, tenha assumido
o compromisso de fazer, por
meio da instituição, uma espécie
de revisão na história da cultura
afro-brasileira.
Nesse contexto, a celebração da
data representa uma contradição,
na opinião do próprio diretor do
museu. "É preciso respeitar uma
visão folclórica do dia 13 de maio,
mas muitos historiadores consideram controversa a questão da
abolição da escravatura, no Brasil.
Com a queda do Império, por
causa da proclamação da República, uma oligarquia perpetua a
vontade de promover um branqueamento da população brasileira", diz ele. "A história do Brasil
tem várias dessas mudanças frustradas", comenta.
Para a mesma data, no ano de
2006, Emanoel Araújo pretende
apresentar um projeto que discuta o significado histórico da abolição, numa abordagem que se
aproxima de versões menos festivas, encampada em obras como
"Sobrados e Mucambos", de Gilberto Freyre.
Hoje, o movimento pela conscientização negra no Brasil adota
o dia 20 de novembro, e não o 13
de maio, como símbolo nacional
da luta pela liberdade e emancipação da cultura negra. Foi nessa data, no ano de 1695, que morreu
Zumbi, o chefe do Quilombo dos
Palmares.
A celebração realizada ontem
teve show do percussionista Naná
Vasconcelos com Paulinho da
Viola e a escola de samba Nenê da
Vila Matilde, além da apresentação da Cia. de Dança Sociedade
Masculina, com coreografia de
Ivonice Satie.
Da programação, ficam em primeiro plano duas contribuições
para o objetivo histórico-educacional de Araújo: a inauguração
da biblioteca Carolina Maria de
Jesus, já com 2.000 volumes; e a
inauguração do anfiteatro Ruth
de Souza (150 lugares), destinado
a apresentações e seminários.
A inauguração da biblioteca
presta homenagem à escritora semi-analfabeta Carolina Maria de
Jesus, que, em 1960, escreveu o livro "Quarto do Despejo", relato
sobre a vida na favela do Canindé
(SP). E o anfiteatro relembra a
história de Ruth de Souza, a primeira atriz negra a pisar no palco
do Municipal do Rio de Janeiro.
Como parte da programação, o
público ainda pode ver a mostra
"O Tigre Dahomey, a Serpente de
Whydah", uma seqüência de 43
fotografias realizada pelo artista
plástico Mario Cravo Neto, realizada em sete anos de vivência
num terreiro de candomblé, em
Salvador.
"Para fazer essa reavaliação histórica, o museu tem que estar
sempre em movimento", diz
Araújo. Hoje, o Afro-Brasil, que
foi implementado pela prefeitura
no ano passado, é totalmente financiado pela Petrobrás. A saída
de Araújo da Secretaria Municipal
de Cultura não acarretou atrito
entre a direção do museu e a prefeitura, segundo o diretor. O próprio prefeito José Serra pediu, em
carta oficial, para que ele permanecesse na instituição.
Museu Afro-Brasil
Quando: seg. e qua. a dom.,
das 10h às 18h
Onde: pq. Ibirapuera, pavilhão Pe.
Manoel da Nóbrega (av. Pedro Álvares
Cabral, s/ nš, portão 10, parque
Ibirapuera, tel. 0/xx/11/5579-6099)
Quanto: entrada franca
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