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TV PAGA
Com presidentes norte-americanos à frente do elenco, "West Wing" e "Commander in Chief" chegam ao fim
Nas séries, poder dos EUA entra em crise
TETÉ RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM WASHINGTON
Hollywood está em crise com a
Casa Branca. Pelo menos em relação ao retrato que programas recentes de TV fazem de seus presidentes fictícios. Quando tudo
eram rosas na administração do
democrata Bill Clinton, a NBC
lançou a série "The West Wing",
que chegou a ser uma das líderes
de audiência de seu horário. Depois de sete anos no ar, exibe seu
último episódio hoje, nos EUA. O
Brasil assiste à despedida do presidente Josiah Bartlet no dia 9 de
junho, na Warner.
Outros dois presidentes fictícios
se deram mal na TV. Um deles é
Charles Logan, da quinta temporada de "24 Horas", que a Fox exibe atualmente no Brasil. No lugar
do bonzinho David Palmer, das
temporadas anteriores, o atual supremo mandatário norte-americano é também o vilão, responsável por uma conspiração, para desespero de Jack Bauer (Kiefer Sutherland). Por fim, se parte do
eleitorado democrata espera mesmo que Hillary Clinton assuma
um dia a Casa Branca, o plano
acaba de perder um de seus cabos
eleitorais.
A ABC cancelou, ao fim da primeira temporada, seu "Commander in Chief", em que Geena Davis
interpretava a primeira presidente mulher dos EUA. O motivo oficial são as baixas audiências, apesar de os roteiros terem sido muito elogiados pela crítica. Mas um
episódio recente em que um bairro pobre de Washington foi mostrado de maneira preconceituosa
e reagiu na vida real com protestos e ameaça de boicote ajudou a
adiantar o fim da série.
Se os presidentes de mentirinha
não estão bem, seu equivalente de
carne e osso também não está em
sua melhor fase. Pesquisas de opinião recentes registram recordes
de avaliação negativa de George
W. Bush em seu segundo mandato. Um presidente mal-avaliado
influi em séries que giram em torno da Casa Branca? Sim, segundo
disse à Folha Charlton Mcilwain,
professor do departamento de
cultura e comunicação da New
York University (NYU).
"Os americanos estão sob influência de um sentimento crescente de cinismo que acabou levando à diminuição das audiências desses programas", afirmou
ele. "Não há nenhuma razão para
perder tempo assistindo nem a
eventos fictícios da política na TV,
especialmente quando há tantas
alternativas melhores."
Mcilwain diz que a série "24 Horas" foi esperta em tranformar o
presidente em vilão nesse momento em que os índices de aprovação de Bush atingem o fundo
do poço. "Depois de 11 de setembro, até os adversários de Bush
queriam vê-lo como um líder forte, como David Palmer, de "24",
era. Agora, a audiência se sente
mais confortável e até mais atraída por um presidente-vilão."
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