São Paulo, domingo, 14 de maio de 2006

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TV PAGA

Com presidentes norte-americanos à frente do elenco, "West Wing" e "Commander in Chief" chegam ao fim

Nas séries, poder dos EUA entra em crise

TETÉ RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM WASHINGTON

Hollywood está em crise com a Casa Branca. Pelo menos em relação ao retrato que programas recentes de TV fazem de seus presidentes fictícios. Quando tudo eram rosas na administração do democrata Bill Clinton, a NBC lançou a série "The West Wing", que chegou a ser uma das líderes de audiência de seu horário. Depois de sete anos no ar, exibe seu último episódio hoje, nos EUA. O Brasil assiste à despedida do presidente Josiah Bartlet no dia 9 de junho, na Warner.
Outros dois presidentes fictícios se deram mal na TV. Um deles é Charles Logan, da quinta temporada de "24 Horas", que a Fox exibe atualmente no Brasil. No lugar do bonzinho David Palmer, das temporadas anteriores, o atual supremo mandatário norte-americano é também o vilão, responsável por uma conspiração, para desespero de Jack Bauer (Kiefer Sutherland). Por fim, se parte do eleitorado democrata espera mesmo que Hillary Clinton assuma um dia a Casa Branca, o plano acaba de perder um de seus cabos eleitorais.
A ABC cancelou, ao fim da primeira temporada, seu "Commander in Chief", em que Geena Davis interpretava a primeira presidente mulher dos EUA. O motivo oficial são as baixas audiências, apesar de os roteiros terem sido muito elogiados pela crítica. Mas um episódio recente em que um bairro pobre de Washington foi mostrado de maneira preconceituosa e reagiu na vida real com protestos e ameaça de boicote ajudou a adiantar o fim da série.
Se os presidentes de mentirinha não estão bem, seu equivalente de carne e osso também não está em sua melhor fase. Pesquisas de opinião recentes registram recordes de avaliação negativa de George W. Bush em seu segundo mandato. Um presidente mal-avaliado influi em séries que giram em torno da Casa Branca? Sim, segundo disse à Folha Charlton Mcilwain, professor do departamento de cultura e comunicação da New York University (NYU).
"Os americanos estão sob influência de um sentimento crescente de cinismo que acabou levando à diminuição das audiências desses programas", afirmou ele. "Não há nenhuma razão para perder tempo assistindo nem a eventos fictícios da política na TV, especialmente quando há tantas alternativas melhores."
Mcilwain diz que a série "24 Horas" foi esperta em tranformar o presidente em vilão nesse momento em que os índices de aprovação de Bush atingem o fundo do poço. "Depois de 11 de setembro, até os adversários de Bush queriam vê-lo como um líder forte, como David Palmer, de "24", era. Agora, a audiência se sente mais confortável e até mais atraída por um presidente-vilão."


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