PAULO SANTOS LIMA
free-lance para a Folha

A Sala Cinemateca inicia o que chama de "Delírio Balcânico", uma mostra com seis títulos que, direta ou indiretamente, falam sobre a ex-Iugoslávia (leia ao lado).
O título vem a calhar num momento em que a ex-Iugoslávia estampa as manchetes dos jornais e telejornais com a loucura de sua guerra.
Não só produções iugoslavas -ou melhor, ex-iugoslavas- serão vistas pelo público. O melhor dos filmes, por exemplo, foi produzido na Itália e dirigido por um italiano: "L'America, o Sonho de Chegar".
Aqui, o diretor Gianni Amelio mostra italianos trapaceiros na Albânia, vizinha do país balcânico.
Albanesa também é a menina do filme do macedônio Milcho Manchevski, "Antes da Chuva", vencedor do Leão de Ouro em Veneza e sucesso no circuito alternativo paulistano. É um filme um tanto afetado, que se faz belo pela narrativa não linear.
Já "Um Olhar a Cada Dia", do grego Theo Angelopoulos, se liga à narrativa mitológica, falando sobre um cineasta (Harvey Keitel) que tenta filmar nos Bálcãs. Filme com narrativa suave que se destaca pela cena da estátua de Lênin em pedaços, levada por uma balsa.

Guerra
O britânico Michael Winterbottom usa a guerra como pano de fundo em "Bem-Vindo a Sarajevo" para mostrar jornalistas que tentam salvar as crianças de uma escola ameaçada pelos obuses.
Salvação não é bem o que acontece em "Bela Aldeia, Belas Chamas", do sérvio Srdjan Dragojevic, em que a amizade entre um sérvio e um croata é abalada pela guerra.
Outra guerra, talvez, seja a do público com o filme do polêmico Emir Kusturica, "Underground -Mentiras da Guerra". Misturando humor negro e drama, indo da Segunda Guerra à atualidade, tudo em ritmo para lá de arrastado, é uma obra que rende o espectador nas antológicas sequências do ataque ao zoológico e dos canhões bombardeando o horizonte, já nos anos 90, num cinema de primeira.


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