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"KATE E LEOPOLD"
Ryan volta à comédia romântica
CRÍTICO DA FOLHA
Meg Ryan está de volta à comédia romântica, mais antiquada que nunca. Ela, que após completar 40 anos parecia decidida a fazer papéis mais sérios, volta
ao gênero, com uma pitada de
fantasia. O destino da atriz começa a lembrar o de Mary Pickford, a
eterna namoradinha inocente da
América vitoriana. Em "Kate e
Leopold", Ryan encontra seu
"amor perfeito" na figura de um
aristocrata oitocentista.
Terceiro duque de Albany, Leopold (Hugh Jackman), exegeta típico dos ideais progressistas de
seu século e aristocrata ciente da
decadência de sua classe, nos é
apresentado pelo diretor James
Mangold durante a inauguração
da ponte do Brooklyn, em 1876.
Em seu discurso, o prefeito de
NY fala, referindo-se ao soerguimento da ponte, de uma "ereção"
duradoura, primeira e sintomática piadinha de um filme nostálgico claramente dirigido ao público
americano pós-atentado.
Leopold vai parar, por um portal do tempo, na Nova York contemporânea, onde se envolve com
a personagem de Ryan, uma típica mulher moderna que trocou o
amor pela carreira. O duque terá
pouco a aprender e muito a ensinar. Galanteio, integridade, inventividade e reflexão, eis o que se
pode aprender com ele, sugere o
filme, evidência de uma América
em busca dos antigos valores.
Ao saudosismo ideológico,
Mangold sobrepõe a nostalgia
própria de Hollywood: "Kate e
Leopold" é uma espécie de comédia(-fantasia) romântica retrô
que idealiza a doce alienação do
antigo cinema-ópio hollywoodiano. "Não se pode viver num conto
de fadas", nos diz, contrariada,
Ryan, logo confessando se identificar com o vizinho que, todos os
domingos, antes de cair no sono,
escuta a trilha de "Bonequinha de
Luxo". (TIAGO MATA MACHADO)
Kate e Leopold
Kate & Leopold
Direção: James Mangold
Produção: EUA, 2002
Com: Meg Ryan e Hugh Jackman
Quando: a partir de hoje nos cines
Eldorado, Morumbi e circuito
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