São Paulo, sexta-feira, 14 de junho de 2002

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"KATE E LEOPOLD"

Ryan volta à comédia romântica

CRÍTICO DA FOLHA

Meg Ryan está de volta à comédia romântica, mais antiquada que nunca. Ela, que após completar 40 anos parecia decidida a fazer papéis mais sérios, volta ao gênero, com uma pitada de fantasia. O destino da atriz começa a lembrar o de Mary Pickford, a eterna namoradinha inocente da América vitoriana. Em "Kate e Leopold", Ryan encontra seu "amor perfeito" na figura de um aristocrata oitocentista.
Terceiro duque de Albany, Leopold (Hugh Jackman), exegeta típico dos ideais progressistas de seu século e aristocrata ciente da decadência de sua classe, nos é apresentado pelo diretor James Mangold durante a inauguração da ponte do Brooklyn, em 1876.
Em seu discurso, o prefeito de NY fala, referindo-se ao soerguimento da ponte, de uma "ereção" duradoura, primeira e sintomática piadinha de um filme nostálgico claramente dirigido ao público americano pós-atentado.
Leopold vai parar, por um portal do tempo, na Nova York contemporânea, onde se envolve com a personagem de Ryan, uma típica mulher moderna que trocou o amor pela carreira. O duque terá pouco a aprender e muito a ensinar. Galanteio, integridade, inventividade e reflexão, eis o que se pode aprender com ele, sugere o filme, evidência de uma América em busca dos antigos valores.
Ao saudosismo ideológico, Mangold sobrepõe a nostalgia própria de Hollywood: "Kate e Leopold" é uma espécie de comédia(-fantasia) romântica retrô que idealiza a doce alienação do antigo cinema-ópio hollywoodiano. "Não se pode viver num conto de fadas", nos diz, contrariada, Ryan, logo confessando se identificar com o vizinho que, todos os domingos, antes de cair no sono, escuta a trilha de "Bonequinha de Luxo". (TIAGO MATA MACHADO)


Kate e Leopold
Kate & Leopold  
Direção: James Mangold
Produção: EUA, 2002
Com: Meg Ryan e Hugh Jackman
Quando: a partir de hoje nos cines Eldorado, Morumbi e circuito



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