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São Paulo, sábado, 14 de junho de 2003

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REPERCUSSÃO

NEY MATOGROSSO, cantor:
"Quando gravei "Quem Não Vive Tem Medo da Morte" [de Assumpção], disse que ele era um príncipe e continuo achando. Foi um dos grandes compositores brasileiros e, infelizmente, não teve o reconhecimento à altura. Não sei por que tacham as pessoas de malditas, o que é um obstáculo na vida delas".

RITA LEE, cantora:
"Itamar era dos malditos o mais bendito, um cara elegante e um compositor genial. No dia 11 de setembro de 2001, fui gravar com ele e, no estúdio, ganhei uma orquídea poderosa. Itas [Itamar] cultivava um orquidário caseiro, tinha dedão verde com elas, e me falou: "Enquanto o mundo se explode, as orquídeas florescem". Ontem [quinta], ela amanheceu florida. Foi um adeus bonito".

ARRIGO BARNABÉ, músico:
"Itamar foi um pessoa tão desperdiçada... Mais tarde isso ficará evidente. A partir dos anos 80, foi o grande autor de canções. Fazia música popular enquanto arte, no sentido do Cartola. Poderia compará-lo, por oposição, ao Jorge Ben. A música dos dois é comunicativa, mas o Jorge é alegre, do dia, e Itamar teve marcas na vida e era mais amargo, da noite".

NANÁ VASCONCELOS, músico:
"Gravamos um disco em 2002, que nunca foi lançado, mas eu adoro. "Devagar com esse andor..." [canta]. Chegava ao estúdio lunaticamente, parecia vindo de um disco voador. Temos que falar com as filhas dele [para lançar o CD]. Sua músicas são mantras, de grande sabedoria e, ao mesmo tempo, inocentes. Chegava ao auge da sabedoria com simplicidade. Era imprevisível, solitário e fazia parte do movimento contemporâneo em que, parece, o sucesso é proibido. Pena que o Brasil praticamente nunca tenha ouvido Itamar, astro do intelecto".

JARDS MACALÉ, cantor:
"Foi um amigo que tive a felicidade de ter."

TOM ZÉ, cantor:
"O Itamar sofreu muito por conta de suas dificuldades de relacionamento. Mesmo quando os empresários queriam contratá-lo, ficava difícil. Ele poderia ter circulado muito mais nessa área que as pessoas chamam de "maldito", esse termo bobo. As músicas dele são alegres, e o público o adorava. Pena que não tenha desfrutado da beleza que seu espírito inquieto e criativo pôs no mundo. Era estranho, agressivo, doce e selvagem. Tinha o segredo para fazer essa condensação feiticeira".

JOSÉ MIGUEL WISNIK, músico:
"Itamar tinha parceria com o demônio da palavra musicada: apenas começava a cantar, e a música continuava sozinha, no ar. Gaia ciência e ginga superior da ponte São Paulo-Paraná".

LUIZ TATIT, músico:
"Foi um compositor dos mais originais e trouxe para a música popular vigor extraordinário".


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