São Paulo, Segunda-feira, 14 de Junho de 1999
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RELÂMPAGOS
Peregrino

JOÃO GILBERTO NOLL

Aos treze anos viajei a pé. Minha mãe, em coma pelo segundo mês. Deixei-a com minha irmã e me pus na estrada. Encontrei um grupo andarilho. Aproximei-me. Diante de minha rala presença rolou um assentimento sem palavras. O cheiro daqueles corpos tinha a pungência do amoníaco. Em volta muitos panos langanhentos, cores, até bandeiras. Alguém falou que eu não precisaria mais de intermediários. Pensei em anestesiar a fome, guardando-a feito um faquir. E levá-la, em pessoa, à presença do que ali chamavam de Ponto Tutelar ou algo assim, perdoem-me, não lembro direito, pois fui atropelado e aqui espero anuviado a minha remoção.


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