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RELÂMPAGOS
Peregrino
JOÃO GILBERTO NOLL
Aos treze anos viajei a pé.
Minha mãe, em coma pelo
segundo mês. Deixei-a com
minha irmã e me pus na estrada. Encontrei um grupo
andarilho. Aproximei-me.
Diante de minha rala presença rolou um assentimento
sem palavras. O cheiro daqueles corpos tinha a pungência do amoníaco. Em volta muitos panos langanhentos, cores, até bandeiras. Alguém falou que eu não precisaria mais de intermediários.
Pensei em anestesiar a fome,
guardando-a feito um faquir.
E levá-la, em pessoa, à presença do que ali chamavam
de Ponto Tutelar ou algo assim, perdoem-me, não lembro direito, pois fui atropelado e aqui espero anuviado a
minha remoção.
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