SYLVIA COLOMBO
de Londres

O principal adversário do primeiro episódio de "Guerra nas Estrelas" nas bilheterias deste planeta não é, por incrível que pareça, nenhum outro volumoso investimento em efeitos especiais, como o remake de "A Múmia" ou a cyberaventura "Matrix", que despontam como promessas na temporada norte-americana de verão.
A comédia romântica britânica "Notting Hill", com Hugh Grant e Julia Roberts nos papéis principais e a mesma equipe de roteiristas e produtores de "Quatro Casamentos e um Funeral" (Richard Curtis e Duncan Kenworthy), está em cartaz há dez dias no Reino Unido e nos Estados Unidos e já arrecadou US$ 47,4 milhões, garantindo um segundo lugar no ranking da "Variety", perdendo somente para o episódio da saga realizada por George Lucas.
A mídia britânica saudou "Notting Hill" como o melhor filme inglês da nova safra.
Lançado cinco anos depois de "Quatro Casamentos e um Funeral", também marca o retorno de Hugh Grant às telas de grande audiência, depois de passagens insossas como a participação nos filmes "Razão e Sensibilidade" e "Nove Meses".
Nesse meio tempo, o ator inglês se envolveu num escândalo sexual ao ser flagrado com a prostituta Divine Brown dentro de um carro em Los Angeles.
Grant atualmente se prepara para participar do próximo filme de Woody Allen, cujas filmagens devem começar em outubro.
A publicidade para a estréia de "Notting Hill" foi maciça. A première, que aconteceu em Londres duas semanas antes da estréia oficial, em 24 de maio, teve seus bastidores televisionados ao vivo, com uma cobertura digna de uma cerimônia de Oscar.
Os tablóides britânicos (e os grandes jornais também) se deliciaram com a disputa de beleza e elegância entre Julia Roberts, que exibia naquela noite um sóbrio vestido vermelho, em contraposição a Elizabeth Hurley, namorada de Hugh Grant, que se apresentou num modelo Versace com um decote estrepitoso.

A história
No filme, Grant (William Thacker) vive o dono de uma falida loja de livros de viagens no bairro londrino de Notting Hill (leia texto à esquerda).
O papel ratifica sua especialidade em retratar sujeitos pouco habilidosos e de acento e humor britânicos, fórmula aplicada com sucesso em "Quatro Casamentos e um Funeral".
Numa tarde, sua loja é visitada por Anna Scott (interpretada por Julia Roberts), megastar de cinema cujo rosto estampa os ônibus vermelhos da capital britânica e que é notícia constante para as manchetes dos jornais sensacionalistas.
Apesar disso, Thacker não a reconhece a princípio, enquanto ela caminha entre as prateleiras. Momentos depois, no caminho de casa, ele volta a tropeçar nela esparramando suco em sua roupa e tentando limpar da forma mais desastrada possível.
A sequência de trapalhadas do personagem não pára aí, e o índice de hesitações e tropeços dele aumenta em proporção ao envolvimento do casal.
No meio deles se posiciona Spike (Rhys Ifans), companheiro de apartamento de Thacker, um galês falastrão que exaspera o pobre colega com sua excentricidade (sai na rua vestindo roupa de mergulho) e maus hábitos (come maionese na falta de iogurte).
Spike acaba revelando numa conversa de bar o "affair" de Thacker, seu companheiro de aluguel e homem da plebe, com a intocável megastar Anna Scott.
A imprensa chega, então, rapidamente à porta do modesto flat da Portobello Road, onde o casal vive sua primeira noite, e estraga o clima. Daí até o inevitável final feliz, o bobalhão terá de se sair bem numa significativa lista de tarefas que o destino lhe impõe.

Abismo
O filme também se passa por uma apresentação de Londres para os americanos. "Eu vivo em Notting Hill e você em Beverly Hills", diz Thaker-Grant a Anna-Julia ao metaforizar o abismo que existe entre eles.
A fala realça a intenção recôndita dos roteiristas em apresentar uma Londres provinciana, porém tradicional, em contraposição à frugalidade e riqueza da origem norte-americana do personagem feminino.


Filme: Notting Hill
Produção: USA/Reino Unido
Direção: Roger Michel, 1999
Com: Hugh Grant, Julia Roberts, Alec Baldwyn e Rhys Ifans
Estréia: 30 de julho


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