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CINEMA
Jeffrey Katzenberg, chefe de produção de desenhos animados para a Dreamworks, diz que Spielberg deu palpites
"Música é o protagonista de "El Dorado'"
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE LOS ANGELES
Depois de "Formiguinhaz" e "O
Príncipe do Egito", chega hoje aos
cinemas "O Caminho para El Dorado", novo filme de animação da
Dreamworks, o estúdio de US$
2,5 bilhões criado em 1994 por
Steven Spielberg (filmes), David
Geffen (setor musical) e Jeffrey
Katzenberg (animação).
No caso da animação, o chefão
da Dreamworks é mesmo Katzenberg, 49, que deixou para trás, ressentido, em 1994, 20 anos de estúdios Disney, quando foi preterido
para o cargo máximo da empresa.
Foi no Century Plaza Hotel, em
Beverly Hills, que Katzenberg falou à Folha sobre "O Caminho
para El Dorado" e de seus projetos futuros. A seguir, os principais
trechos da entrevista.
(MILLY LACOMBE)
Folha - Como funciona a sua parceria com Spielberg? Ele opina sobre desenhos e você, sobre filmes?
Jeffrey Katzenberg - Sem dúvida.
Ele participou da criação de "O
Caminho para El Dorado" e foi o
primeiro a ver a versão original.
Deu palpites, fez críticas e nós fizemos alterações. Da mesma forma, fui o primeiro a receber o roteiro de "Artificial Inteligency",
que ele escreveu durante cinco
meses -é a menina de seus olhos
(o filme vai ser lançado em 2001).
Também dei palpites.
Folha - O que o atraiu em "O Caminho para El Dorado"?
Katzenberg - O filme fala de amizade, e eu acho que esse conceito
anda em baixa. Além disso, o que
me chamou a atenção no roteiro
foi o fato de os personagens centrais não serem príncipes e princesas, ao contrário dos outros que
já fiz. Eles são sujeitos cheios de
defeitos, de fraquezas e são irreverentes.
Folha - Por que o filme ficou cinco
anos em produção?
Katzenberg - Normalmente, um
desenho demora a ser concluído
por causa de atrasos técnicos. Mas
não foi esse o caso. Tínhamos a
tecnologia na ponta dos dedos,
mas havia muita história para ser
contada, muitos caminhos possíveis, e condensar isso tudo em
menos de 90 minutos demorou,
de verdade, quase cinco anos.
Folha - "El Dorado" é mais para
crianças ou para adultos?
Katzenberg - Fizemos o filme
pensando em ambos. A história é
rica em cores, tons e ação, por isso
as crianças vão gostar. Mas existe
também a irreverência de diálogos e comportamentos, personagens complexos e situações inteligentes, que devem atrair adultos.
Folha - Qual a importância da música no desenho?
Katzenberg - Ela é o protagonista. Quando recebi o roteiro de "O
Caminho para El Dorado", disse
que topava, com a condição de
que Elton John compusesse a trilha sonora. Nossa parceria em "O
Rei Leão", em 1994, quando ainda
estava na Disney, foi nota dez, e eu
queria repeti-la. Quando ele aceitou a proposta, comecei a produzir o filme.
Folha - Com tantos avanços tecnológicos, qual o papel do sujeito
que desenha em papel hoje em dia?
Katzenberg - O desenhista tradicional ainda é a alma da animação. Ele nunca desaparecerá. Só
que atualmente quem desenha
em papel tem de obrigatoriamente saber lidar com os novos programas de computador também.
Mas tudo começa, e sempre começará, no papel.
Folha - E o que vem por aí?
Katzenberg - Fizemos uma parceria com os criadores da série
"Wallace and Gromit" e iremos
produzir mais três longas-metragens com eles. Temos ainda
"Shrek", um desenho ainda mais
irreverente do que "O Caminho
para El Dorado" e "Spirit". Teremos mais três desenhos nos próximos 18 meses.
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