São Paulo, sexta-feira, 14 de julho de 2000


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CINEMA
Jeffrey Katzenberg, chefe de produção de desenhos animados para a Dreamworks, diz que Spielberg deu palpites
"Música é o protagonista de "El Dorado'"

ESPECIAL PARA A FOLHA, DE LOS ANGELES

Depois de "Formiguinhaz" e "O Príncipe do Egito", chega hoje aos cinemas "O Caminho para El Dorado", novo filme de animação da Dreamworks, o estúdio de US$ 2,5 bilhões criado em 1994 por Steven Spielberg (filmes), David Geffen (setor musical) e Jeffrey Katzenberg (animação).
No caso da animação, o chefão da Dreamworks é mesmo Katzenberg, 49, que deixou para trás, ressentido, em 1994, 20 anos de estúdios Disney, quando foi preterido para o cargo máximo da empresa.
Foi no Century Plaza Hotel, em Beverly Hills, que Katzenberg falou à Folha sobre "O Caminho para El Dorado" e de seus projetos futuros. A seguir, os principais trechos da entrevista.
(MILLY LACOMBE)

Folha - Como funciona a sua parceria com Spielberg? Ele opina sobre desenhos e você, sobre filmes?
Jeffrey Katzenberg -
Sem dúvida. Ele participou da criação de "O Caminho para El Dorado" e foi o primeiro a ver a versão original. Deu palpites, fez críticas e nós fizemos alterações. Da mesma forma, fui o primeiro a receber o roteiro de "Artificial Inteligency", que ele escreveu durante cinco meses -é a menina de seus olhos (o filme vai ser lançado em 2001). Também dei palpites.

Folha - O que o atraiu em "O Caminho para El Dorado"?
Katzenberg -
O filme fala de amizade, e eu acho que esse conceito anda em baixa. Além disso, o que me chamou a atenção no roteiro foi o fato de os personagens centrais não serem príncipes e princesas, ao contrário dos outros que já fiz. Eles são sujeitos cheios de defeitos, de fraquezas e são irreverentes.

Folha - Por que o filme ficou cinco anos em produção?
Katzenberg -
Normalmente, um desenho demora a ser concluído por causa de atrasos técnicos. Mas não foi esse o caso. Tínhamos a tecnologia na ponta dos dedos, mas havia muita história para ser contada, muitos caminhos possíveis, e condensar isso tudo em menos de 90 minutos demorou, de verdade, quase cinco anos.

Folha - "El Dorado" é mais para crianças ou para adultos?
Katzenberg -
Fizemos o filme pensando em ambos. A história é rica em cores, tons e ação, por isso as crianças vão gostar. Mas existe também a irreverência de diálogos e comportamentos, personagens complexos e situações inteligentes, que devem atrair adultos.

Folha - Qual a importância da música no desenho?
Katzenberg -
Ela é o protagonista. Quando recebi o roteiro de "O Caminho para El Dorado", disse que topava, com a condição de que Elton John compusesse a trilha sonora. Nossa parceria em "O Rei Leão", em 1994, quando ainda estava na Disney, foi nota dez, e eu queria repeti-la. Quando ele aceitou a proposta, comecei a produzir o filme.

Folha - Com tantos avanços tecnológicos, qual o papel do sujeito que desenha em papel hoje em dia?
Katzenberg -
O desenhista tradicional ainda é a alma da animação. Ele nunca desaparecerá. Só que atualmente quem desenha em papel tem de obrigatoriamente saber lidar com os novos programas de computador também. Mas tudo começa, e sempre começará, no papel.

Folha - E o que vem por aí?
Katzenberg -
Fizemos uma parceria com os criadores da série "Wallace and Gromit" e iremos produzir mais três longas-metragens com eles. Temos ainda "Shrek", um desenho ainda mais irreverente do que "O Caminho para El Dorado" e "Spirit". Teremos mais três desenhos nos próximos 18 meses.


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