|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
POLÊMICA
Woody Harrelson, de "O Povo Contra Larry Flynt", abre em San Francisco loja de produtos feitos da planta
Ator usa maconha como matéria-prima
ADRIANE GRAU
em San Francisco
Assim como o personagem que o
consagrou no filme "O Povo Contra Larry Flynt", o ator Woody
Harrelson também está ligado a
atividades ilegais no Kentucky.
No filme, trata-se de um alambique quando Flynt ainda era uma
criança.
Na vida real, Harrelson está investindo numa nova marca de
produtos feitos à base de maconha
plantada por uma cooperativa no
Kentucky.
A primeira loja da sociedade entre Woody Harrelson e seu advogado Dave Frankel abriu as portas
há pouco mais de dois finais de semana, na cidade de San Francisco,
Costa Oeste dos Estados Unidos.
Os produtos
Instalada numa casa de madeira
na badalada 24th Street em Noe
Valley, a Frankel Brothers Hemp
Outfitters vende camisetas, mochilas, bonés e chaveiros.
"Tudo é feito à base de uma maconha que nem é considerada droga, pois não tem princípio ativo",
diz o ator.
"As plantas crescem num sistema estável e auto-sustentável e isso
é o mais importante", afirma
Woody.
"A cada dólar que gastamos
com produtos orgânicos ou à base
de maconha, estamos evitando
que uma máquina destrua o planeta", completa o ator, que promoveu a inauguração da Frankel Brothers Hemp Outfitters liderando
uma aula de ioga.
Os 15 alunos que ganharam ingressos para o evento por intermédio de um sorteio numa rádio local
esperaram impacientes por Harrelson, que se atrasou cerca de 45
minutos.
A aula durou uma hora. Harrelson é instrutor certificado e pratica
yoga para relaxar. "Principalmente enquanto estou filmando, longe
de casa", afirma.
Campanha
Harrelson e Frankel se conheceram durante a campanha pela legalização da maconha, na qual
ambos continuam envolvidos.
Frankel trabalha atualmente como advogado de Harrelson, que
está sendo processado por plantar
maconha no Kentucky no início
deste ano.
A maioria das roupas que são
vendidas na Frankel Brothers
Hemp Outfitters são feitas com tecidos importados do Canadá e
China, já que o plantio de maconha continua ilegal para tais fins
nos Estados Unidos.
"Eu não acho que ser famoso
deva servir apenas para conseguir
entrar nos restaurantes sem fila",
diz Harrelson. "Acredito nas causas que defendo".
Além da legalização da maconha, ele luta pela preservação das
florestas de "redwoods", as milenares árvores gigantes espalhadas
pela Califórnia.
Também é contra o consumo
exagerado de laticínios e falou à reportagem da Folha vestindo uma
camiseta com uma vaca de cabeça
para baixo estampada no peito e
bebendo uma vitamina à base de
frutas e leite de soja.
"Acho que todos nos reconhecemos olhando ao redor que o homem está fora de balanço com o
meio ambiente", diz.
"Assim como a indústria de tabaco tem que pagar as pessoas por
destruir seus pulmões, a indústria
petroquímica deveria pagar por
destruir o planeta."
"Todos nós sabemos que o que
está em sintonia com a natureza é
legal e o que não está em sintonia
com a natureza não é legal", completa Frankel. "É essa a filosofia
que usamos na loja e também nas
nossas vidas."
"Se algum objeto pode ser feito à
base de maconha, não há motivo
para fazê-lo de plástico ou qualquer outro material que destrói o
meio ambiente e deixa resquícios
na água ou no solo", afirma Harrelson.
"Se pegassem o dinheiro usado
para subsidiar a indústria madeireira, petroquímica ou nuclear e
usassem em produtos à base de
maconha, voltaríamos à vida pura
da agricultura, que é onde todos
começamos", afirma o ator,
apontando para o chaveiro feito de
maconha em que guarda as chaves
da nova loja.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|