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'Aqui não é só seca, praia e sertão', diz Moura
da Agência Folha, em Fortaleza
O cineasta Marcos Moura diz
que a imagem do Ceará retratada
no cinema e na TV é estereotipada
e não representa os sentimentos
das pessoas que vivem no universo
urbano do Estado. "O Ceará não é
só seca, praia e sertão", diz Moura.
Agência Folha - O roteiro de "Iremos a Beirute" mostra mais o universo urbano do Ceará, fugindo da
imagem regionalista. Por quê?
Marcos Moura - Porque, estranhamente, eu procuro me aproximar mais da realidade e a realidade
que eu conheço é essa: uma cidade
contemporânea, com 2 milhões de
habitantes. Eu me preocupo muito
com o presente e quero mostrar os
tipos de pessoas que conheço. Como amam, falam, pensam.
Agência Folha - Quais são as especificidades desse universo?
Moura - Fortaleza é uma cidade
muito mutável, que vive o dilema
de ser província e metrópole ao
mesmo tempo. Mas o filme não se
centra na cidade e sim nas pessoas.
Acredito que os sentimentos
dessas pessoas sejam universais: as
paixões, os ódios, os sentimentos.
É claro que temos nossos próprios
códigos e é isso que tento mostrar.
Agência Folha - O universo sertanejo tem sido o grande filão dos
que buscam retratar o Ceará. Isso
não lhe interessa?
Moura - Não, apesar de achar
muito importante que se faça isso.
Eu quero dizer que meu filme é extremamente cearense, mas não necessariamente sertanejo.
Agência Folha - Que críticas você
faz da imagem que se convencionou associar ao Nordeste nas produções de cinema e TV?
Moura - É uma imagem estereotipada. A idéia vendida é que as
pessoas têm preguiça, são sofridas
ou sensuais. A coisa do tema da seca, da praia. Bonito é só mar, fora
da praia o resto é só um deserto.
Parece que aqui ninguém pensa,
ama. Vou aproveitar e mostrar a
paisagem serrana do interior do
Ceará, que é muito verde e muito
bonita também. O Ceará não é só
seca, praia e sertão.
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