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CRÍTICA
Filme explora fronteiras
do enviado especial
"Os Matadores" é um filme policial profundamente permeável ao
contexto geográfico e humano em
que se insere -a violenta e selvagem região da fronteira entre o
Mato Grosso e o Paraguai.
O que impressiona, sobretudo
por ser um longa de estréia, é a segurança com que o diretor buscou
e construiu um estilo próprio.
É um estilo de quem conhece a
sintaxe narrativa do cinema de
ação, mas a transgride em pelo
menos dois aspectos: na estrutura
descontínua do enredo, que obriga o espectador a construir mentalmente a história, e na dilatação
do tempo de cada sequência, de
cada plano, que realça o drama
moral dos personagens.
Uma idéia básica orienta a construção de "Os Matadores" e lhe dá
sentido: a idéia de fronteira (geográfica, humana, moral).
O filme não sucumbe à fórmula
policial clássica porque não trabalha com tipos estereotipados, e sim
com personagens complexos, buscando em cada um deles sua fronteira ética e psicológica.
As cenas-chave de "Os Matadores" reproduzem quase um mesmo padrão: um indivíduo de arma
na mão hesita em matar outro.
A atmosfera tensa é quebrada
por sequências quase documentais
-uma caminhada do protagonista por ruas paraguaias, um rodeio.
Uma vez que se interessa por
gente, e não meramente por tiros,
"Os Matadores" cria espaço para
que os atores dêem vida a seus personagens. Chico Diaz, em especial,
demonstra uma espontaneidade
que confere verdade a cada cena.
Encontrou finalmente um papel e
um filme à altura de seu enorme
talento.
(JGC)
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