São Paulo, quinta, 14 de agosto de 1997.



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CRÍTICA
Filme explora fronteiras

do enviado especial

"Os Matadores" é um filme policial profundamente permeável ao contexto geográfico e humano em que se insere -a violenta e selvagem região da fronteira entre o Mato Grosso e o Paraguai.
O que impressiona, sobretudo por ser um longa de estréia, é a segurança com que o diretor buscou e construiu um estilo próprio.
É um estilo de quem conhece a sintaxe narrativa do cinema de ação, mas a transgride em pelo menos dois aspectos: na estrutura descontínua do enredo, que obriga o espectador a construir mentalmente a história, e na dilatação do tempo de cada sequência, de cada plano, que realça o drama moral dos personagens.
Uma idéia básica orienta a construção de "Os Matadores" e lhe dá sentido: a idéia de fronteira (geográfica, humana, moral).
O filme não sucumbe à fórmula policial clássica porque não trabalha com tipos estereotipados, e sim com personagens complexos, buscando em cada um deles sua fronteira ética e psicológica.
As cenas-chave de "Os Matadores" reproduzem quase um mesmo padrão: um indivíduo de arma na mão hesita em matar outro.
A atmosfera tensa é quebrada por sequências quase documentais -uma caminhada do protagonista por ruas paraguaias, um rodeio.
Uma vez que se interessa por gente, e não meramente por tiros, "Os Matadores" cria espaço para que os atores dêem vida a seus personagens. Chico Diaz, em especial, demonstra uma espontaneidade que confere verdade a cada cena. Encontrou finalmente um papel e um filme à altura de seu enorme talento. (JGC)


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