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JAZZ
Show do pianista, amanhã, em SP, terá participação especial de João Bosco
Rubalcaba dedilha tradição cubana
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Já se foram quase 15 anos desde
a primeira apresentação do pianista cubano Gonzalo Rubalcaba
no Brasil. Naquele começo dos
anos 90, deixar Cuba e se firmar
na cena jazzística eram apenas
projetos do pianista.
O Rubalcaba que se apresenta
amanhã, no teatro Alfa, em São
Paulo, já é virtuose consagrado e
respeitado. Quem conhece a música do pianista sabe que ele nunca se esquece da força sonora
afro-cubana, mas sempre dando
especial atenção à importância da
tradição jazzística.
O músico, de 43 anos, que agora
mora nos Estados Unidos, se esquiva quando questionado sobre
temas políticos. Seu assunto é a
música. "A música cubana e a
música brasileira contêm elementos, substâncias e tradições semelhantes, tratados, manipulados e
vividos de uma forma muito autêntica em cada país", disse o pianista cubano.
Apesar de não antecipar o repertório da apresentação de amanhã, o pianista gosta de misturar
standards do jazz e composições
próprias marcadas pela tradição
rítmica de Cuba -fórmula que já
lhe rendeu um Grammy Latino,
em 2002, por seu álbum "Supernova", além de algumas outras indicações ao prêmio.
A proximidade do pianista cubano com a música brasileira é
antiga, tendo rendido parcerias
nos palcos com nomes como Ivan
Lins e João Bosco -este último
está programado para fazer uma
participação especial no show de
amanhã.
Brasilidade
"Eu nasci em 1963 e desde então
por uma ou outra via, talvez não
com a assiduidade suficiente, escutei a música dos grandes intérpretes e compositores da música
brasileira dos anos 60, 70 e 80",
conta ele, mencionando uma longa lista que passa por Tom Jobim,
Vinicius de Moraes, Hermeto
Paschoal, Egberto Gismonti e Villa-Lobos.
Filho do também conhecido
pianista cubano Guilhermo Rubalcaba, ele apareceu para o mundo do jazz ainda na década de 80,
pelas mãos do lendário trompetista norte-americano Dizzy Gillespie (1917-1993), que sempre foi
admirador e divulgador da música caribenha.
Aos mais atentos, não passa
despercebida em sua música também influências de grandes nomes do teclado, como Bill Evans e
Thelonious Monk.
Desde sua primeira visita ao
Brasil, Rubalcaba já participou de
vários festivais de jazz por aqui,
como os extintos Heineken Concerts e Free Jazz, fazendo seu nome bem conhecido entre os que
acompanham a movimentação
jazzística no país.
Elogio
Em 1993, quando Rubalcaba
veio ao Brasil com outras grandes
figuras do jazz para uma homenagem a Tom Jobim, foi agraciado
com um elogio no mínimo estranho: o também pianista Herbie
Hancock disse ter vontade de
quebrar os dedos do cubano, de
tão bem que ele tocava.
Ao falar das músicas cubana e
brasileira, Rubalcaba diz que
"existe um sabor e inteligência rítmica-sonora que nos identifica,
através da força lírica, mística,
harmoniosa, sensual que define
nossos povos".
Gonzalo Rubalcaba
Quando: amanhã, às 21h
Onde: teatro Alfa (r. Bento Branco
de Andrade Filho, 722, Santo Amaro, SP,
tel. 0/ xx/11/5693-4000)
Quanto: de R$ 30 a R$ 120
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