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POLÍTICA CULTURAL
Nicholas Serota está em evento no Ibirapuera ao lado de Ulrich Krempel, do Museu Sprengel, da Alemanha
Diretor da Tate Gallery debate o papel dos museus
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
Nos últimos 15 anos a Tate Gallery, de Londres, tornou-se uma
instituição tão prestigiada e com
um coleção do nível do Centro
Pompidou, em Paris, e próxima
do Museu de Arte Moderna de
Nova York, o MoMA. Parte desse
sucesso deve ser creditado a sir
Nicholas Serota, responsável pelo
museu nesse período, gestão marcada por uma expansão que conquistou quatro filiais na Inglaterra, sendo a mais badalada delas a
Tate Modern, aberta em 2000,
que, em seis meses, ultrapassou
três milhões de visitantes.
Hoje, Serota está em São Paulo
para falar sobre o papel dos museus no século 21, um evento paralelo à mostra "A Bigger Splash",
em cartaz na Oca, que conta com
o acervo da Tate, organizada pela
associação BrasilConnects e o Instituto Tomie Ohtake.
Serota, 57, tornou-se um diretor
respeitado -e polêmico- ao expor obras do acervo da Tate sem
levar em conta escolas de arte ou ordem cronológica. Na Tate
Modern, por exemplo, uma paisagem do impressionista Monet
(1840-1927) está ao lado de uma
peça contemporânea do inglês Richard Long. Curiosamente, a exposição brasileira segue a arte britânica em ordem cronológica.
Outra das polêmicas provocadas por Serota foi a investida contra o poder crescente dos curadores na última década. "Obras de
arte são feitas mais para serem
vistas do que lidas", afirmou o inglês certa vez.
"Por essa idéia eu queria chamar a atenção para a responsabilidade dos museus em criar uma
experiência visual memorável. Há
um risco de que a intervenção do
curador possa resultar em um
museu como um livro de arte, em vez de uma visão com poder",
disse Serota à Folha, por e-mail.
Na palestra de hoje, o diretor
deve chamar a atenção para as diferentes tarefas que os museus
conquistaram neste início de século: "O museu é um centro de
exposições e do estudo da arte,
mas ele é responsável por outras
funções na sociedade, como espaço de recreação, turismo e regeneração social e cultural".
Entretanto, a maneira como o
diretor britânico encara a função
do museu na sociedade é bastante
diversa de outra instituição, o
Museu Guggenheim, que o prefeito do Rio, Cesar Maia, ainda
tenta viabilizar, apesar da decisão
contrário da Justiça, que até o momento impede o início das obras.
"Acredito que a cultura tem
maior influência quando ela tem
uma forte base local que vai em
direção ao diálogo e à troca internacionais", afirma Serota. Tal postura é inversa ao modelo Guggenheim, pois a sede em Nova York
é quem praticamente decide todas as exposições de suas filiais.
Além de Serota, a palestra na
Oca contará com a participação
de outro diretor de um museu estrangeiro: Ulrich Krempel, do
Museu Sprengel, em Hanover, na
Alemanha. Krempel está no Brasil
graças a uma iniciativa do Instituto Goethe, que com a presença do
alemão dá início a um fórum permanente denominado "Museus
de Arte: Entre o Público e o Privado", com coordenação de Martin
Grossman. Krempel fala ainda
amanhã, no Instituto Goethe, e na
quinta dá um workshop para profissionais da área museológica,
produtores culturais e artistas
plásticos na Pinacoteca do Estado
(tel.: 0/xx/11/229-9844).
O MUSEU DO SÉCULO 21. Palestra de
Nicholas Serota, diretor da Tate Gallery,
de Londres. Quando: hoje, das 9h30
às 13h. Onde: auditório da Oca (pq.
Ibirapuera, portão 3, tel. 0/xx/11/3253-5300, r. 2251). Quanto: R$ 6.
CONSTRUÇÃO DE ACERVO COMO ATO
POLÍTICO. Palestra de Ulrich Krempel,
diretor do Museu Sprengel, de Hanover.
Quando: amanhã, às 20h. Onde: Instituto
Goethe (r. Lisboa, 974, São Paulo, tel. 0/
xx/11/3088-4288). Quanto: entrada
franca.
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