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DISCOS LANÇAMENTOS
De Morrisey a Radiohead, um apanhado pop
LÚCIO RIBEIRO
Editor-assistente da Ilustrada
Saudade do Free Jazz?
Os bons ventos do pop rock
trouxeram nestas últimas semanas
grandes lançamentos em CD. Nacional ou importado, single ou álbum, eletrônico ou guitar, americano ou britânico.
A Ilustrada faz um levantamento
de alguns dos principais discos que
chegaram às lojas convencionais
ou de importados nos últimos
dias. São 14 exemplos que legitimam a safra 97 dos bons sons do
universo rock.
"Suedehead - The Best of
Morrissey", Morrissey
Na rabeira do lançamento do
mais novo disco de Morrissey,
"Maladjusted", a EMI européia
acaba de soltar esta substancial coletânea da obra solo do sujeito que,
entre outras coisas na vida, liderou
os Smiths, banda seminal inglesa
da década de 80.
A cada emissão de laser que seu
aparelho jogar sobre esse "Suedehead", sairão pérolas pop de um
romantismo impiedoso, capazes
de deixar buracos irreversíveis em
qualquer alma.
O CD vem com 19 belíssimas
canções, desde as preciosas "Suedehead" e "Everyday Is Like Sunday" até a cover de "That's Entertainment", de Paul Weller e seu
The Jam. EMI, Importado.
"Sweet 75", Sweet 75
Enfim o baixista Krist Novoselic
dá as caras, depois da trágica morte do amigo Kurt Cobain e consequentemente o fim de sua ex-banda, o Nirvana.
Agora Novoselic toca guitarra
para os vocais da venezuelana (?!?)
Yva Las Vegas.
Momentos latinos esquisitos à
parte, o disco é acima da média,
embora na maior parte lembre
Throwing Muses, o que não é demérito algum. Lançamento nacional Geffen/Universal.
"Trainspotting 2", vários
Esta segunda trilha tirada do famoso filme escocês soa a caça-níqueis. Mas quem se importa, uma
vez que o CD traz coisas como o
tecnopop da antiga do Heaven 17,
Primal Scream, Iggy Pop, o saudoso Fun Boy Three cantando "Our
Lips Are Sealed", das Go Go's.
Sem contar "Atmosphere", do
Joy Division, com certeza a canção
mais triste da história da música.
Segundo o diretor do filme,
Danny Boyle, são faixas que ele tinha intenção de incluir na trilha,
mas que tiveram que ficar de fora
da edição final. Ainda: Underworld, Bowie, Sleeper e Goldie.
EMI, importado.
"Karma Police", Radiohead
Single em duas versões da exuberante canção extraída da obra-prima "OK Computer". O CD1 traz
as inéditas "Meeting in the Aisle"
e "Lull", belas as duas.
O CD2 tem, além de "Karma Police", duas versões de "Climbing
up the Walls", que pertence ao álbum, mas que neste single são oferecidas em remix que só servem
para comprovar nossa tese de que
o vocalista/guitarrista Thom Yorke não é deste planeta. Parlophone, importados.
"We Will Fall" - The Iggy Pop
Tribute
A demência do roqueiro Iggy
Pop na pele de uma rapaziada de
respeito, como Joey Ramone,
Lenny Kaye e as bandas Red Hot
Chili Peppers, Monster Magnet,
Nada Surf, Superdrag, Lunachicks
e Sugar Ray, todos frequentadores
dos porões da cena nova-iorquina.
Royalty Records, importado.
"Brighten the Corners", Pavement
Lançamento tardio, mas abençoado do último trabalho da banda californiana liderada por Stephen Malkmus.
Ouvir qualquer disco do Pavement hoje é certamente saber como soará amanhã grande parte das
bandas de alternative rock, americanas ou não.
O disco é um primor de vocais
fora do tempo e instrumentos propositadamente mal tocados, a
marca da banda.
Pavement é básico. Lançamento
nacional EMI.
"Glastonbury Live 97", vários
Uma boa amostra do que rolou
em 97 nos festivais britânicos está
neste CD, produzido pela Radio
One inglesa durante o lamacento
festival de Glastonbury.
O disco já começa em grande estilo: valem o dinheiro gasto as versões ao vivo de "Richard III", do
Supergrass, e "Paranoid Android", do Radiohead, uma das
melhores músicas deste ano fácil,
fácil.
E ainda tem mais: Echo & the
Bunnymen, Ocean Colour Scene,
Kula Shaker. BBC/Virgin, importado.
"Stand by Me", Oasis
Baladaça mortal içada de "Be
Here Now", um dos melhores álbuns do ano.
É o segundo single do último disco dos irmãos Gallagher e traz três
inéditas: "(I Got) The Fever",
"My Sister Lover" e "Going Nowhere".
"Stand by Me" tem Liam em
grande forma cantando "Meu coração nunca será seu lar, mas conte comigo". Creation, importado.
"Wall to Wall Moustache", Supercharger
Grande debut da banda de
breakbeat Supercharger, egressa
de Leeds, Inglaterra.
Terrorismo punk/tecno da primeira à última faixa, o CD é obra
produzida pela dupla Slapper Dave e Darren Pickles.
Uma pista que toca "Breathe",
do Prodigy, seguida de "Jim'll Fix
It", deste disco do Supercharger,
não esvazia nunca. Lançamento
nacional Warner.
"Jack-Ass", Beck
EP com seis músicas do jeca alternativo Beck, traz três versões
balas para "Jack-Ass", uma das
melhores músicas do badalado CD
"Odelay", do ano passado. Diversão garantida. Geffen, importado.
"Elektrobank", Chemical Brothers
O futuro, my darling, é aqui. Outro EP com seis músicas, a faixa-título em versão de 8 minutos, é introduzida pelas vozes dos DJs Kool
Herc e Grandmaster Caz, capturadas ao vivo em uma apresentação
dos Brothers no Irvine Plaza, NY,
em 96. Nada sobra depois do
"Check this sound". Astralweks,
importado.
"So Much for the Afterglow",
Everclear
Sucessor do grande álbum
"Sparkle and Fade", a rapaziada
do Everclear imprime, direto de
Portland (Oregon), mais guitarreira das boas, mais energia nirvânica.
Se em "Sparkle and Fade" o líder
Art Lukakis sonhava com a Califórnia, com este "So Much..." ele
já vive em seu paraíso.
O Everclear está conseguindo a
proeza de tirar do buraco a gravadora Capitol, que já lançou no
mercado norte-americano Beatles, Frank Sinatra e Beach Boys.
Capitol Records, importado.
"Smells Like Children", Marilyn Manson
Ele é do mal, ele é satânico, ele é
repulsivo. Ele é Marilyn Manson.
O Brasil recebe agora este segundo
álbum da banda, de 1995, anterior
ao já conhecido "Antichrist Superstar", de 1997.
Se "Smells Like Children" traz a
mediana versão fantasmagórica de
"Sweet Dreams (Are Made of
This)", do Eurythmics, para compensar vem com a poderosa "I Put
a Spell on You". Lançamento nacional Universal.
"Lovesongs for Underdogs",
Tanya Donelly
Depois de participar de bandas
legais como Throwing Muses,
Breeders e Belly, a bostoniana (de
som, pelo menos) Tanya Donelly
se lança no mundo solo da pop
music.
Com "Lovesongs for Underdogs", sua estréia na nova empreitada, Donelly perde o caráter
rebelde de outrora. Mas sua voz
adocicada e seu modo pop de tocar
guitarra fazem bem ao mundo. Reprise, importado.
Onde encontrar: Os CDs importados citados nesta página podem ser encontrados/encomendados na London Calling
(tel. 011/223-5300), Sweet Jane (tel.
011/288-4847), Bizarre (011/220-7933),
com preços a conferir. Já o CD nacional
custa em média R$ 20.
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