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MÚSICA "SUPERPOPULAR"
Especialistas dizem que música é de baixa qualidade, mas atende a um conteúdo emocional
Críticos vêem lado positivo do "brega"
e da Reportagem Local
Os críticos, como não poderia
deixar de ser, não gostam da música "superpopular" que invadiu as
paradas brasileiras. Mas nem sempre eles enxergam somente aspectos negativos na presença desses
músicos entre os mais vendidos.
"Essa música que vende é uma
música de consumo, de baixa qualidade. Ele é feita para ser consumida rapidamente. Se durar, deixa
de ser de consumo. É feita para um
gosto menos exigente", disse Zuza
Homem de Mello.
Já Luiz Tatit não execra o avanço
da música "popular", ou "brega". "O que os críticos chamam de
brega atende a um conteúdo emocional e passional que temos. Esse
apelo emotivo é importante." Para
ele, "esse tipo de conteúdo faz falta não só no 'povo', mas também
na população mais informada. A
população com menos informação manifesta mais claramente
que gosta desse tipo de música, o
que se reflete nas vendagens".
Para Tatit, até artistas "conceituados" usam elementos bregas.
Como exemplos, ele cita Lulu Santos, Chico César, e até Caetano Veloso. Para ele, os Titãs, com o disco
"Acústico", estão fazendo sucesso
baseado em melodia brega.
Sérgio Cabral afirma que a música popular sempre dominou as paradas. "Quando era garoto e ouvia
rádio, raramente um samba era tocado. Havia só versões", conta.
"Não fico contente que seja esse
o tipo de música que faz sucesso,
mas também não fico triste. Acho
ótimo que grupos como Raça Negra, Só Preto sem Preconceito, assumam sua negritude. Quero mais
é que eles fiquem ricos", afirma.
O fato de o grupo É o Tchan ter
representado o Brasil no Festival
de Montreux é criticado por Zuza
Homem de Mello.
"Esse é um festival decadente. A
música de qualidade que tem a cara da música brasileira continua
sendo a mesma. Lá fora, quem sabe quem é Zezé di Camargo, por
exemplo?"
O fato de tudo girar em torno das
vendagens é criticado por Homem
de Mello. "Hoje em dia, os artistas
são qualificados pelo número de
discos que venderam. Só que o número de discos vendidos não dá
certificado de qualidade. Se fosse
assim, discos de artistas como João
Gilberto e Zizi Possi seriam considerados ruins, e são eles que representam o Brasil no exterior."
Mas o grupo campeão de vendas
com o disco "É o Tchan do Brasil"
não recebe só críticas. "Acho que
É o Tchan faz um espetáculo extraordinário, comparável ao que
Madonna oferece. Eles criaram
uma fórmula genial, mas ela decaiu porque faltou criação. Do
ponto de vista musical, eles são
fracos, mas o espetáculo é exuberante", disse Tatit.
"É o Tchan faz música brasileira. Não há deformação, até a malícia é tipicamente brasileira. Não é a
melhor música brasileira, mas é
brasileira", disse Sérgio Cabral.
O fato de a música brasileira estar dominando as paradas é apontado como fato muito positivo. "O
fato de os dez primeiros serem brasileiros é ótimo. A pior música brasileira é melhor do que a melhor
estrangeira", disse Cabral.
"É um fenômeno importante. A
música brasileira está dominando,
fato que nunca tinha acontecido
antes. São essas figuras que estão
dando um banho na música norte-americana, que dominou as paradas nos anos 70", disse Tatit.
(MARIANE MORISAWA e
LUIZ ANTÔNIO RYFF)
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