São Paulo, sexta, 14 de novembro de 1997.




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'PeeP' descreve motivações de criminosos

especial para a Folha

Os personagens são 13 serial killers de várias nacionalidades, e o espetáculo se ocupa em descrever suas motivações, metodologias, prazeres e eventuais culpas, tudo por meio de citações reais dos assassinos.
A companhia Vigor Mortis de Curitiba afirma se orgulhar de apresentar, a partir do próximo dia 20, no conjunto do teatro Guaíra, "PeeP", sua segunda produção, com texto e direção de Paulo Biscaia Filho, 28.
O autor é especialista no gênero grand guignol -teatro de horror criado em Paris no início do século (leia texto ao lado)-, com tese sobre o assunto defendida na Royal Holloway University de Londres.
Associado à Horror Writers Association, que conta com Stephen King e Clive Barker, Biscaia pretende modernizar o guignol, que já se ocupava de assassinos seriais nas primeiras décadas do século e sumiu por anos, até ser redescoberto por diretores como Jêrome Savary, na década de 70.
Segundo o dramaturgo, "a sociedade sempre viveu pela morte, sempre foi fascinada por ela. O mais famoso espetáculo de grand guignol aconteceu quando meteram uns pregos nas mãos e nos pés de um certo carpinteiro judeu".
"'PeeP' é um olhar para dentro do universo mental do serial killer, que é visto por nós apenas pelas frestas dos jornais sensacionalistas, como um homem vê a striper na cabine de peep-show", diz.
Segundo ele, "à margem dos padrões de sanidade vigentes, os assassinos seriais não se sentem confortáveis com os valores atuais e não conseguem se expressar, encontrando uma válvula de escape na violência".
Na peça, killers célebres são "conduzidos" por um ícone da categoria: Edward Gein, que agiu na década de 50 e cujos crimes (apenas dois) foram tão hediondos que serviram de inspiração tanto para Robert Bloch escrever "Psicose" quanto para filmes como "O Massacre da Serra Elétrica" e "O Silêncio dos Inocentes".
Um caso brasileiro contribui para o horror da Cia. Vigor Mortis: o carioca Marcelo Costa Andrade, membro da Igreja Universal do Reino de Deus, que estuprava e assassinava crianças.
Biscaia considera o horror um gênero tão importante quanto o drama e a comédia, "com direito a classificação à parte".
(AM)

Peça: PeeP, de Paulo Biscaia Filho Onde: teatro Guairinha, Curitiba Quando: de 20 a 30 de novembro; de qui. a sáb., às 21h, e dom., às 20h Quanto: R$ 10



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