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'PeeP' descreve motivações de criminosos
especial para a Folha
Os personagens são 13 serial killers de várias nacionalidades, e o
espetáculo se ocupa em descrever
suas motivações, metodologias,
prazeres e eventuais culpas, tudo
por meio de citações reais dos assassinos.
A companhia Vigor Mortis de
Curitiba afirma se orgulhar de
apresentar, a partir do próximo
dia 20, no conjunto do teatro
Guaíra, "PeeP", sua segunda
produção, com texto e direção de
Paulo Biscaia Filho, 28.
O autor é especialista no gênero
grand guignol -teatro de horror
criado em Paris no início do século
(leia texto ao lado)-, com tese sobre o assunto defendida na Royal
Holloway University de Londres.
Associado à Horror Writers Association, que conta com Stephen
King e Clive Barker, Biscaia pretende modernizar o guignol, que já
se ocupava de assassinos seriais
nas primeiras décadas do século e
sumiu por anos, até ser redescoberto por diretores como Jêrome
Savary, na década de 70.
Segundo o dramaturgo, "a sociedade sempre viveu pela morte,
sempre foi fascinada por ela. O
mais famoso espetáculo de grand
guignol aconteceu quando meteram uns pregos nas mãos e nos pés
de um certo carpinteiro judeu".
"'PeeP' é um olhar para dentro
do universo mental do serial killer,
que é visto por nós apenas pelas
frestas dos jornais sensacionalistas, como um homem vê a striper
na cabine de peep-show", diz.
Segundo ele, "à margem dos padrões de sanidade vigentes, os assassinos seriais não se sentem confortáveis com os valores atuais e
não conseguem se expressar, encontrando uma válvula de escape
na violência".
Na peça, killers célebres são
"conduzidos" por um ícone da
categoria: Edward Gein, que agiu
na década de 50 e cujos crimes
(apenas dois) foram tão hediondos
que serviram de inspiração tanto
para Robert Bloch escrever "Psicose" quanto para filmes como
"O Massacre da Serra Elétrica" e
"O Silêncio dos Inocentes".
Um caso brasileiro contribui para o horror da Cia. Vigor Mortis: o
carioca Marcelo Costa Andrade,
membro da Igreja Universal do
Reino de Deus, que estuprava e assassinava crianças.
Biscaia considera o horror um
gênero tão importante quanto o
drama e a comédia, "com direito a
classificação à parte".
(AM)
Peça: PeeP, de Paulo Biscaia Filho
Onde: teatro Guairinha, Curitiba
Quando: de 20 a 30 de novembro; de qui. a
sáb., às 21h, e dom., às 20h
Quanto: R$ 10
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