São Paulo, Terça-feira, 14 de Dezembro de 1999


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Crônica inédita de Verissimo mudou cara da edição

da Redação

Não fosse um simples acaso, que levou à inclusão de um texto inédito de Erico Verissimo em "O Tempo e o Vento - 50 Anos", o volume seria muito diferente do livro que vem a público hoje.
Conta Luiz Eugênio Véscio que, em uma de suas passagens por São Paulo -por causa de suas funções, ele vive na "ponte-aérea" Bauru-Santa Maria-, foi visitar o bibliófilo José Mindlin, com a irmã Jacinta, reitora da USC.
A certa altura, o bibliófilo perguntou o que eles tinham em preparação. Ao saber que se tratava do volume comemorativo, Mindlin disse: "Ah, mas eu tenho uns originais do Erico". Puxando os tais originais de uma prateleira da famosa biblioteca, veio junto a "Breve Crônica duma Editora de Província". "E tem esse inédito aqui", completou Mindlin.
Véscio manifestou o desejo de contar com o texto para a edição, que já estava orçada e planejada. O bibliófilo cedeu de bom grado, desde que o escritor Luis Fernando, filho de Verissimo, concordasse com a publicação.
Luis Fernando, segue Véscio, não só consentiu como se entusiasmou com a idéia. Entusiasmo compartilhado pelo vivaz Mindlin, que pediu a sua neta, a fotógrafa Lúcia, que reproduzisse os originais. "E isso mudou todo o livro", conta Véscio.
Por quê? Bem, porque, prontos os cromos das 13 páginas do fac símile, concluiu-se que o inédito demandava reprodução em cor. O que fazia o custo do livro, inicialmente de R$ 17 mil, ir parar na casa dos R$ 30 mil, "uma fortuna para uma universidade pública, como a de Santa Maria".
Feito o balanço, o reitor da UFSM concordou em bancar a diferença. O revisor Pedro Brum Santos foi a Bauru, em 2 de dezembro, para os acertos finais nas provas, e voltou para Santa Maria com os fotolitos na bagagem. Em uma semana, estava pronto "O Tempo e o Vento - 50 Anos".

A crônica
O fac símile de "Breve Crônica duma Editora de Província" é um arremate sob medida para as intenções dos organizadores do livro-homenagem.
Nunca antes o texto fora incluído em livro algum, tendo sido publicado pela imprensa do Rio Grande do Sul uma vez, há cerca de 20 anos, como lembra Robson Gonçalves, "por conta de alguma efeméride da editora Globo" -a "editora de província" do título.
Mas não só é por ser rara, ou pela narrativa fluida e bem-humorada de Verissimo -"um documento saboroso", como diz Mindlin no posfácio que acabou por escrever- que a crônica é um presente para os leitores.
O fac símile alimenta um certo "voyeurismo" nos amantes da literatura: está nos apontamentos, feitos a caneta pelo autor, a construção do escrito, que conta a história de como a "Livraria do Globo - Livraria. Papelaria. Tipografia" se tornou a editora Globo que publica os textos de Erico Verissimo até hoje, como fez com "O Continente", 50 anos atrás. (FA)


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