|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Crônica inédita de Verissimo mudou cara da edição
da Redação
Não fosse um simples acaso,
que levou à inclusão de um texto
inédito de Erico Verissimo em "O
Tempo e o Vento - 50 Anos", o
volume seria muito diferente do
livro que vem a público hoje.
Conta Luiz Eugênio Véscio que,
em uma de suas passagens por
São Paulo -por causa de suas
funções, ele vive na "ponte-aérea"
Bauru-Santa Maria-, foi visitar o
bibliófilo José Mindlin, com a irmã Jacinta, reitora da USC.
A certa altura, o bibliófilo perguntou o que eles tinham em preparação. Ao saber que se tratava
do volume comemorativo, Mindlin disse: "Ah, mas eu tenho uns
originais do Erico". Puxando os
tais originais de uma prateleira da
famosa biblioteca, veio junto a
"Breve Crônica duma Editora de
Província". "E tem esse inédito
aqui", completou Mindlin.
Véscio manifestou o desejo de
contar com o texto para a edição,
que já estava orçada e planejada.
O bibliófilo cedeu de bom grado,
desde que o escritor Luis Fernando, filho de Verissimo, concordasse com a publicação.
Luis Fernando, segue Véscio,
não só consentiu como se entusiasmou com a idéia. Entusiasmo
compartilhado pelo vivaz Mindlin, que pediu a sua neta, a fotógrafa Lúcia, que reproduzisse os
originais. "E isso mudou todo o livro", conta Véscio.
Por quê? Bem, porque, prontos
os cromos das 13 páginas do fac
símile, concluiu-se que o inédito
demandava reprodução em cor.
O que fazia o custo do livro, inicialmente de R$ 17 mil, ir parar na
casa dos R$ 30 mil, "uma fortuna
para uma universidade pública,
como a de Santa Maria".
Feito o balanço, o reitor da
UFSM concordou em bancar a diferença. O revisor Pedro Brum
Santos foi a Bauru, em 2 de dezembro, para os acertos finais nas
provas, e voltou para Santa Maria
com os fotolitos na bagagem. Em
uma semana, estava pronto "O
Tempo e o Vento - 50 Anos".
A crônica
O fac símile de "Breve Crônica
duma Editora de Província" é um
arremate sob medida para as intenções dos organizadores do livro-homenagem.
Nunca antes o texto fora incluído em livro algum, tendo sido publicado pela imprensa do Rio
Grande do Sul uma vez, há cerca
de 20 anos, como lembra Robson
Gonçalves, "por conta de alguma
efeméride da editora Globo" -a
"editora de província" do título.
Mas não só é por ser rara, ou pela narrativa fluida e bem-humorada de Verissimo -"um documento saboroso", como diz Mindlin no posfácio que acabou por
escrever- que a crônica é um
presente para os leitores.
O fac símile alimenta um certo
"voyeurismo" nos amantes da literatura: está nos apontamentos,
feitos a caneta pelo autor, a construção do escrito, que conta a história de como a "Livraria do Globo - Livraria. Papelaria. Tipografia" se tornou a editora Globo que
publica os textos de Erico Verissimo até hoje, como fez com "O
Continente", 50 anos atrás.
(FA)
Texto Anterior: Literatura: "O Tempo e o Vento" ganha análise aos 50 Próximo Texto: TFP faz novo ato por proibição de filme Índice
|