São Paulo, segunda, 14 de dezembro de 1998

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RELÂMPAGOS

Os genros deserdados

JOÃO GILBERTO NOLL

Meus genros cobram um dote sem moedas: "Queremos resolver o mal noturno de nossas mulheres, pois elas sofrem de um idílio secreto quando chega a noite. Quando chega a noite, repetem que só o sono é a casa natural, que só o dormir expande". Pergunto se elas não estão apenas defendendo a velha sina, esses esgotos da mente a acender lamparinas, como dizia o poema com os pés gelados na tinta. Eles mostram suas lâminas, falam que sou o culpado pelo usufruto anêmico de suas horas oclusas. E se aproximam. Pego o pulso do mais velho. Ele me analisa. Fecho os olhos lentamente, me ausentando em surdina.



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