São Paulo, quinta, 15 de janeiro de 1998.



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DANÇA
Grupo viaja para intercâmbio e shows
Meninos da 13 de Maio vão à França

ANA FRANCISCA PONZIO
especial para a Folha

Depois de 16 anos atuando no Brasil sem patrocínios, o grupo 16 Meninos da 13 de Maio, dirigido pela professora e coreógrafa Penha Pietra's, ganha na França a chance de melhorar suas condições de trabalho.
Amanhã, pela primeira vez em sua história, o grupo embarca para a Europa, onde permanecerá até 13 de março, a convite e sob responsabilidade da Association Longue Distance.
Durante esse período, o grupo -que se apresentou em São Paulo pela última vez em agosto passado, no espetáculo "Palco, Academia e Periferia", de Ivaldo Bertazzo- realizará programas de intercâmbio em sete cidades espalhadas pelo território francês.
Em Paris, onde se encerra a programação, os garotos brasileiros deverão se encontrar com alguns dos mais importantes coreógrafos da França, entre os quais estão Maguy Marin, Angelin Preljocaj, Claude Brumachon e Andy DeGroat.
Eles pretendem reivindicar melhores condições para a continuação do trabalho de Penha Pietra's e seu grupo.
Em todos as cidades a serem visitadas, os 16 Meninos da 13 de Maio apresentarão seu novo espetáculo, "Filhos do Sem Terra", cuja renda da bilheteria será revertida para o grupo.
Caetano e Gil
Coreografado por Penha e com músicas de Caetano Veloso, Naná Vasconcellos, Gilberto Gil, além de uma composição especial de Wilson Sukorsky, o espetáculo conta com iluminação de Domingos Quintiliano e figurinos de Domingos Fuschini, que trabalharam gratuitamente com o grupo de Penha Pietra's.
No interior da França, os pequenos artistas brasileiros serão recebidos pessoalmente pelos prefeitos.
As atividades que se realizarão em cada localidade incluem oficinas de dança, ministradas por Penha, com garotos brasileiros e franceses formando um mesmo grupo.
Nos últimos seis meses, graças a bolsas de estudos fornecidas pela Aliança Francesa e parcialmente financiadas pelo Consulado Geral da França em São Paulo, os meninos brasileiros estudaram o idioma francês.
Os meninos franceses das escolas que serão visitadas pelo grupo também estão se preparando para o encontro.
Além de informações sobre o Brasil incluídas nas aulas, eles têm trocado correspondência permanente com os 16 garotos brasileiros.
"A partir do momento em que o grupo pisa na França, a Association Longue Distance se responsabiliza por eles, cuidando desde a assistência média ao fornecimento de roupas de inverno", diz Luca Baldovino, da C&B Produções, que viabilizou no Brasil a viagem dos meninos.
Para este projeto, o grupo conseguiu também obter auxílio de órgãos governamentais. Para pagar as passagens, única despesa não financiada pela associação francesa, os 16 Meninos da 13 de Maio contaram com apoio do Ministério da Cultura e da Secretaria Estadual de Cultura de São Paulo.
Associação faz intercâmbio
Dirigida por Didier Moniotte e Simone Landauer, a Association Longue Distance desenvolve projetos de intercâmbio cultural com pessoas de países do Terceiro Mundo.
Na intensa programação que Moniotte e Simone organizaram para os 16 Meninos da 13 de Maio, há ainda visitas a museus, convivência com famílias francesas, além de atividades de lazer em colônias de férias.
"Conhecer a França nunca tinha passado pela cabeça dessas crianças", afirma Penha.



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