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Sem subsídio, grupo ensaia até em praças públicas
especial para a Folha
O grupo 16 Meninos da 13 de Maio surgiu em 1981, quando Penha Pietra's, ex-bailarina do Ballet Guaíra, de
Curitiba, resolveu criar um espetáculo
teatral com algumas crianças do bairro
paulistano da Bela Vista (ou Bixiga, como é popularmente conhecido).
"Tudo começou no ateliê do artista plástico Neneco, que se localizava na rua 13 de Maio, em frente a
Igreja de Nossa Senhora Achiropita", diz Penha.
Atraídos pelo trabalho de Neneco, que fazia bonecos e máscaras,
as crianças do bairro costumavam
entrar em seu ateliê, na saída da
escola. Hoje, o grupo de meninos
da 13 de Maio, que já inclui filhos
dos primeiros integrantes, não
trabalha nem mora no Bixiga.
No entanto, a alusão a uma das
principais ruas do bairro continua
identificando o grupo, que mantém o nome original também em
homenagem a Neneco, agora morando em Peruíbe, mas ainda tratado como "padrinho" do elenco.
Se, no início, a proposta de Penha era meramente artística, com
o tempo ganhou um caráter social
definitivo.
"O grupo reúne filhos de trabalhadores, como pedreiros, manicures, faxineiros. Já trabalhei com
cerca de mil crianças que, com a
expressão criativa, descobrem novas perspectivas na vida", afirma a
coreógrafa.
Contudo, à medida que o trabalho de Penha foi conquistando respeito e o apoio de artistas como o
cantor Milton Nascimento, pais de
classe média se interessaram em
inscrever os filhos nas atividades
gratuitas promovidas pela coreógrafa.
Mas a tão sonhada sede e o subsídio mínimo, capaz de garantir infra-estrutura básica para o grupo,
não aconteceu até hoje.
Muitas vezes ensaiando em praças públicas por falta de espaço
próprio, Penha e seu grupo, que
chegou a reunir até 150 crianças e
adolescentes, vêm sobrevivendo a
duras penas.
Atualmente, o grupo faz aulas e
ensaia seus espetáculos nos fins de
semana, em uma sala cedida pelo
Ballet Stagium, que também tem
oferecido bolsas de estudos em sua
escola, para as crianças mais talentosas.
"A maioria dos garotos são negros, porque me parece que os pais
se identificam melhor comigo",
acrescenta Penha, salientando que
todo seu empenho tem apenas um
motivo: sua grande paixão por
crianças.
(AFP)
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