São Paulo, quinta, 15 de janeiro de 1998.



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Sem subsídio, grupo ensaia até em praças públicas

especial para a Folha

O grupo 16 Meninos da 13 de Maio surgiu em 1981, quando Penha Pietra's, ex-bailarina do Ballet Guaíra, de Curitiba, resolveu criar um espetáculo teatral com algumas crianças do bairro paulistano da Bela Vista (ou Bixiga, como é popularmente conhecido).
"Tudo começou no ateliê do artista plástico Neneco, que se localizava na rua 13 de Maio, em frente a Igreja de Nossa Senhora Achiropita", diz Penha.
Atraídos pelo trabalho de Neneco, que fazia bonecos e máscaras, as crianças do bairro costumavam entrar em seu ateliê, na saída da escola. Hoje, o grupo de meninos da 13 de Maio, que já inclui filhos dos primeiros integrantes, não trabalha nem mora no Bixiga.
No entanto, a alusão a uma das principais ruas do bairro continua identificando o grupo, que mantém o nome original também em homenagem a Neneco, agora morando em Peruíbe, mas ainda tratado como "padrinho" do elenco.
Se, no início, a proposta de Penha era meramente artística, com o tempo ganhou um caráter social definitivo.
"O grupo reúne filhos de trabalhadores, como pedreiros, manicures, faxineiros. Já trabalhei com cerca de mil crianças que, com a expressão criativa, descobrem novas perspectivas na vida", afirma a coreógrafa.
Contudo, à medida que o trabalho de Penha foi conquistando respeito e o apoio de artistas como o cantor Milton Nascimento, pais de classe média se interessaram em inscrever os filhos nas atividades gratuitas promovidas pela coreógrafa.
Mas a tão sonhada sede e o subsídio mínimo, capaz de garantir infra-estrutura básica para o grupo, não aconteceu até hoje.
Muitas vezes ensaiando em praças públicas por falta de espaço próprio, Penha e seu grupo, que chegou a reunir até 150 crianças e adolescentes, vêm sobrevivendo a duras penas.
Atualmente, o grupo faz aulas e ensaia seus espetáculos nos fins de semana, em uma sala cedida pelo Ballet Stagium, que também tem oferecido bolsas de estudos em sua escola, para as crianças mais talentosas.
"A maioria dos garotos são negros, porque me parece que os pais se identificam melhor comigo", acrescenta Penha, salientando que todo seu empenho tem apenas um motivo: sua grande paixão por crianças. (AFP)


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