São Paulo, domingo, 15 de janeiro de 2006

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MÔNICA BERGAMO

A nova praia do paulistano

As noites de verão na rua Aspicuelta, na paulistana Vila Madalena, têm o bom astral e o jeito do litoral -e os problemas também

Esse título já pertenceu a uma das esquinas do cruzamento da avenida Paulista com a al. Joaquim Eugênio de Lima. Com vários bares, onde os jovens se refrescavam no fim de tarde, a região era apelidada de "prainha". Cidade seca de água salgada, São Paulo já viu seu litoral imaginário ser definido por hereges como a pizza do fim de domingo ou o passeio nos corredores dos shoppings.
Pois uma nova orla de pedra vem ganhando força por aqui. É a rua Aspicuelta, na Vila Madalena, bairro na zona oeste da cidade. São 16 bares e restaurantes em apenas seis quadras, entre as ruas Fidalga e Simão Álvares. Mar e céu azul à parte, estão lá os predicados litorâneos: chope gelado, petiscos, rodas de samba, gente bonita. E o toque paulistano: filas, trânsito e, vez ou outra, uma briga de vizinho.

Luciana Cavalcanti
BOLEIROS
Leonardo Prado, do São Cristóvão, detesta a lotação. "Não queria ver gente esperando na fila." O charme do bar são os 3 mil quadros com fotos e desenhos sobre futebol (no detalhe, um raro nu de Maradona).

PRIMEIRÃO
Inaugurado há 15 anos, o Quitandinha é o bar mais antigo do pedaço. Quando abriu, a região era um sossego só. "Nunca vi esse movimento que tem agora", testemunha Mauro Pires, sócio do boteco. Hoje, passa de tudo pelo trecho: de patricinhas a grupos de motoqueiros, que se reúnem na rua para acelerar em alto volume.

FUMAÇA
O José Menino, que leva nome de praia santista, tem a decoração típica de botecos tradicionais. É o oposto do sóbrio Municipal, ornamentado por fotos em preto e branco. Este último, aliás, toma cuidados para evitar atrito com vizinhos da vila ao lado. Já teve de aumentar a altura da chaminé da cozinha porque a fumaça estava incomodando.

"ERA MICO"
O terreno onde está o Posto 6 já foi ponto de venda e consumo de drogas antes da abertura do bar, há três anos. "Abrir um negócio neste terreno era o maior mico", diz Vanderlei Romano. O bar é todo praia: homenageia Copacabana, com fotos antigas de mulheres de maiô e de gente como Chico Buarque e Vinícius de Moraes na boemia. Há até uma Iemanjá em cima da geladeira de cerveja. Junto do chope, os garçons distribuem caldinho de feijão (detalhe).

FILHOTE
Dos mesmos donos do Quitandinha, o Quitanda foi aberto há três meses, na onda do superávit na relação clientela/mesas da região. Costuma atrair mais casais do que turmas. Do outro lado da Fidalga, outro programa para namorados: a feijoada da Lana, que herda clientes dos bares lotados, mas conserva o clima "família". Na mesma quadra, a balada da rua: a boate Matrix.

LONGE DAS DASLUZETES
O Ponto X da Vila é o boteco mais simples da área. No figurino dos frequentadores, salto alto e jeans de grife estão em baixa; bermudões, regatas e sandálias, inclusive as Havaianas, são peças freqüentes.

COMO NA PRAIA
O Praça Madalena também abriga o público "sossegado" do Ponto X. Ao cair da tarde, as cadeiras vão avançando sobre a calçada.

NOVATO
Inaugurado há apenas um mês, o bar São Bento tem lotado até mesmo às segundas-feiras. Com pé direito alto e sem paredes nos lados da rua, é parecido com os bares de cidades de praia. Finalizando a rua Aspicuelta em direção à rua Simão Álvares, duas casas tradicionais: a pizzaria Antígona e o bar argentino Martín Fierro, que ficou famoso pelas empanadas com vários recheios.

SÉRGIO DÁVILA (INTERINO) @ - sdavila@folhasp.com.br
@ - bergamo@folhasp.com.br


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