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"PSICOSE 98"
"O cinema não é intocável", diz Vaughn
CLAUDIO CASTILHO
em Los Angeles
Há cerca de quatro anos Vince
Vaughn era apenas mais um no
meio de uma multidão de atores na
obscuridade em Hollywood. Foi
quando ele e um grupo de outros
profissionais desconhecidos se
uniram para fazer "Swingers".
Interpretar o papel de um ator
desempregado nessa produção independente não foi das tarefas
mais difíceis para ele, já que desde
sua mudança de Illinois para Califórnia aos 18 de idade, Vince lutava
para conseguir juntar o dinheiro
do aluguel de cada mês.
A qualidade de "Swingers" e o
seu trabalho no filme, entretanto,
chamaram a atenção da crítica. E
também de Steven Spielberg, que,
depois de vê-lo no independente,
resolveu incluí-lo no elenco do
"blockbuster" "O Mundo Perdido" no papel de um fotógrafo.
"Vince Vaughn tem todas as
qualidades de um genuíno galã de
cinema", afirmou à época à imprensa americana o cineasta mais
poderoso de Hollywood.
O mais recente trabalho do ator
de 28 anos é talvez o mais polêmico
de todos os que já fez até agora:
Vince protagoniza a quase réplica
do clássico "Psicose" do mestre do
suspense Alfred Hitchcock.
No filme dirigido por Gus van
Sant, Vaughn interpreta o papel de
Norman Bates, personagem imortalizado por Anthony Perkins.
A idéia de Van Sant de fazer o remake colorido de "Psicose" foi recebida com mais críticas do que
aplausos. Vince, no entanto, insiste em defender o cineasta e diz não
se arrepender de ter se entregado
ao projeto.
A seguir, os principais trechos da
entrevista com Vaughn.
Folha -O que o atraiu a fazer um
filme que é praticamente uma cópia de um clássico do cinema?
Vince Vaughn - Comparo a intenção de Gus com a de um músico
que resolve gravar uma nova versão de uma canção antiga e famosa. Na indústria de discos é comum
ver artistas regravando canções
passadas. Apesar das semelhanças,
estamos falando de um trabalho
novo, com alma própria que, se
bem feito e respeitando a obra original de seu criador, será para sempre vista com olhos diferentes dos
que assistiram ao original e a outras versões que possam vir a existir. Discordo dos que pensam que
cinema é um ser sagrado e intocável.
Folha - Qual teria sido o objetivo
do cineasta de se entregar a um
projeto como esse em vez de se dedicar a um trabalho original?
Vaughn - Acho que ele viu nesse
filme a oportunidade de voltar ao
passado e brincar com os momentos do cinema que o fascinaram e o
influenciaram a se dedicar para o
resto da vida profissionalmente a
essa arte.
Folha - Você já era um admirador
de "Psicose" antes de fazer essa
versão modernizada em cores e
efeitos sonoros?
Vaughn - Assisti ao filme uma só
vez. Como ator, eu não queria sofrer influência de um trabalho tão
perfeito e inesquecível como o desempenhado por Perkins. Seguimos à risca o roteiro e mantivemos
a mesma sequência das gravações
da cenas filmadas por Hitchcock,
mas eu jamais aceitaria participar
desse filme se não tivesse a liberdade de interpretar meu personagem
seguindo meus próprios instintos.
Folha - O que mais o fascinou em
relação a Norman Bates?
Vaughn - Esse personagem possui uma vida que é um eterno dilema. Ele entra numa espécie de labirinto e lá tem que descobrir e costurar os caminhos que seguirá pela
frente a partir da realidade que ele
vive em cada momento de sua vida. Norman me ofereceu o prazer
de tentar descobrir o íntimo de sua
alma.
Folha - Como foi sair da obscuridade de alguns anos atrás e hoje
ser capa de revistas famosas?
Vaughn - O fato de eu ter passado
tanto tempo desempregado antes
de fazer "Swingers" me ajudou a
dar mais valor hoje aos filmes que
faço. Quando comecei o colegial,
por exemplo, jamais imaginava
que terminaria o curso com um diploma na mão. Parecia uma coisa
utópica, mas que acabou acontecendo. O sucesso no cinema também foi uma coisa que eu pensei
que nunca ia ocorrer por causa das
dificuldades que eu enfrentei no
começo de minha carreira.
Filme: Psicose
Produção: EUA, 1998
Direção: Gus van Sant
Com: Vince Vaughn, Anne Heche, Julianne
Moore, Viggo Mortensen
Onde: a partir de hoje nos cines Interlar
Aricanduva 12, Metrô Tatuapé 1, Interlagos
Cinemark 2 e circuito
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