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CINEMA/ESTRÉIA
Aos 31 anos, o cineasta-prodígio Wes Anderson dirige elenco de estrelas como gênios no longa-metragem "Os Excêntricos Tenenbaums", que estréia hoje nos cinemas brasileiros
A Grande família
TETÉ RIBEIRO
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM NOVA YORK
É tão fácil quanto natural odiar
o diretor Wes Anderson. Aos 31
anos, o nerd texano é o cineasta
mais cultuado e original atualmente nos EUA, um dos poucos a
receber elogios de toda a comunidade hollywoodiana com seu "Os
Excêntricos Tenenbaums", que
estréia hoje no Brasil
Pense em você aos 31 anos. Já tinha feito alguma coisa que prestasse? Já tinha ganho uma montanha de dinheiro e sido reconhecido como gênio pelos seus ídolos?
Não tem 31 ainda? Então pense
em você aos 27, idade que tinha
Anderson quando fez o filme anterior, "Três É Demais", inferior,
mas igualmente cultuado. A Folha falou com o menino-prodígio.
Folha - Os Tenenbaums são baseados em pessoas reais?
Wes Anderson - Todos os meus
personagens têm partes de pessoas que eu conheci, mas nenhum
deles é totalmente baseado em
uma pessoa só. Minha mãe, por
exemplo, é arqueóloga, como a do
filme. E ela também dava força
para os filhos fazerem as coisas
para as quais mostram interesse.
Folha - Assim como os personagens do seu filme, você também é
um menino-prodígio. Não tem medo de ter o destino dos jovens talentos do filme?
Anderson - Não, mas é um assunto que me interessa. Gosto da
idéia de ver o que aconteceu com
as pessoas que estavam na sua
melhor fase quando eram muito
jovens, como eles fazem quando
perdem tanto a juventude quanto
o brilho. Gosto do clima dessas
pessoas, que são como heróis,
mas muito mais tristes, conservam ainda aquele sentimento de
uma glória agora desbotada.
Folha - Fale da trilha. É a primeira
vez que uma música de vinil toca
inteira. Tem uma pausa enquanto a
agulha troca de faixa...
Anderson - Há uma coisa muito
triste: não consegui os direitos para usar "Hey Jude", dos Beatles,
que seria a abertura dos meus sonhos. E o problema não foi o Michael Jackson nem a Yoko Ono...
Tem uma batalha judicial qualquer envolvida, o problema não
foi nem dinheiro, eu pagaria.
Sobre a cena que você menciona, isso é engraçado, eu adoro que
isso esteja no filme e foi totalmente por acaso. A cena simplesmente durou mais do que deveria, a
música que estava tocando acabou e a outra começou a tocar.
Folha - O filme começa nos anos
70 e passa para os dias atuais. Mesmo assim, o tenista interpretado
por Luke Wilson continua vestido
como antes.
Anderson - Ele ainda se veste assim porque são todos apegados
ao passado, que foi a época de ouro da família. Os outros personagens vestem basicamente a mesma roupa o tempo todo, como a
de Gwyneth Paltrow. Até a casa
continua a mesma. Esse é o tema
principal, como o sucesso passou,
mas marcou para sempre a vida
daquelas pessoas.
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