São Paulo, sexta-feira, 15 de março de 2002

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CINEMA/ESTRÉIA

Aos 31 anos, o cineasta-prodígio Wes Anderson dirige elenco de estrelas como gênios no longa-metragem "Os Excêntricos Tenenbaums", que estréia hoje nos cinemas brasileiros

A Grande família

TETÉ RIBEIRO
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM NOVA YORK

É tão fácil quanto natural odiar o diretor Wes Anderson. Aos 31 anos, o nerd texano é o cineasta mais cultuado e original atualmente nos EUA, um dos poucos a receber elogios de toda a comunidade hollywoodiana com seu "Os Excêntricos Tenenbaums", que estréia hoje no Brasil
Pense em você aos 31 anos. Já tinha feito alguma coisa que prestasse? Já tinha ganho uma montanha de dinheiro e sido reconhecido como gênio pelos seus ídolos? Não tem 31 ainda? Então pense em você aos 27, idade que tinha Anderson quando fez o filme anterior, "Três É Demais", inferior, mas igualmente cultuado. A Folha falou com o menino-prodígio.

Folha - Os Tenenbaums são baseados em pessoas reais?
Wes Anderson -
Todos os meus personagens têm partes de pessoas que eu conheci, mas nenhum deles é totalmente baseado em uma pessoa só. Minha mãe, por exemplo, é arqueóloga, como a do filme. E ela também dava força para os filhos fazerem as coisas para as quais mostram interesse.

Folha - Assim como os personagens do seu filme, você também é um menino-prodígio. Não tem medo de ter o destino dos jovens talentos do filme?
Anderson -
Não, mas é um assunto que me interessa. Gosto da idéia de ver o que aconteceu com as pessoas que estavam na sua melhor fase quando eram muito jovens, como eles fazem quando perdem tanto a juventude quanto o brilho. Gosto do clima dessas pessoas, que são como heróis, mas muito mais tristes, conservam ainda aquele sentimento de uma glória agora desbotada.

Folha - Fale da trilha. É a primeira vez que uma música de vinil toca inteira. Tem uma pausa enquanto a agulha troca de faixa...
Anderson -
Há uma coisa muito triste: não consegui os direitos para usar "Hey Jude", dos Beatles, que seria a abertura dos meus sonhos. E o problema não foi o Michael Jackson nem a Yoko Ono... Tem uma batalha judicial qualquer envolvida, o problema não foi nem dinheiro, eu pagaria.
Sobre a cena que você menciona, isso é engraçado, eu adoro que isso esteja no filme e foi totalmente por acaso. A cena simplesmente durou mais do que deveria, a música que estava tocando acabou e a outra começou a tocar.

Folha - O filme começa nos anos 70 e passa para os dias atuais. Mesmo assim, o tenista interpretado por Luke Wilson continua vestido como antes.
Anderson -
Ele ainda se veste assim porque são todos apegados ao passado, que foi a época de ouro da família. Os outros personagens vestem basicamente a mesma roupa o tempo todo, como a de Gwyneth Paltrow. Até a casa continua a mesma. Esse é o tema principal, como o sucesso passou, mas marcou para sempre a vida daquelas pessoas.



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