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Visita a museu britânico desperta raiva e mea-culpa
Esculturas, painéis e frisos ocupam maior e mais disputada sala dentre os 95 espaços expositivos da instituição londrina
Visitantes gregos do British Museum reconhecem mérito na preservação dos mármores do Parthenon, mas querem peças de volta
EM LONDRES
DA ENVIADA A ATENAS
"Você não vai achar um grego
que não apoie a volta das peças
para seu lugar de origem." A
frase dita por um diplomata à
Folha é espelho da percepção
que ecoa na imprensa grega.
As peças do Parthenon retiradas por lorde Elgin ocupam a
sala de número 18 do British
Museum. É o maior espaço expositivo do museu, que conta
com 95 salas e sete milhões de
objetos que remontam a história do homem e da cultura.
"É difícil descrever o que sinto quando entro neste espaço",
disse o engenheiro grego Manolis Giakoymogiannakis, 27,
em sua primeira visita à sala 18.
"É uma mistura de frustração e raiva. Essa história pertence ao meu país, e deve ser
devolvida a nós. Não precisa
ser tudo, mas quase tudo."
O engenheiro ateniense já
havia visitado o Novo Museu
da Acrópoles. "Fica evidente
que ali estão faltando muitas
peças. É esquisito", afirmou.
O estudante Kyriacos Nicolaou, 22, também defende o retorno das peças à Grécia. Sentado diante dos frisos do templo na sala 18, ele destacou a
importância do "sequestro"
dos mármores para sua preservação. "Foi bom que as esculturas tenham vindo para cá a fim
de serem preservadas. Os ingleses tinham mais recursos
para isso." Para ele, no entanto,
as peças funcionam hoje como
uma grande atração turística.
"O British Museum argumenta que não cobra entrada
para visitantes. Mas quantas
pessoas vêm ao Reino Unido
para ver essa riqueza?"
O museu de Londres recebeu
em 2009 mais de 5 milhões
de visitantes.
Para Bob Jezzard, 63, membro da Sociedade de Amigos do
British Museum, o nível de distribuição dos tesouros históricos deveria ser mais equânime:
"Fico pensando quantos tesouros originais do Reino Unido
existem aqui no museu".
A professora britânica Honor Beesley, 69, admite que se
sente "levemente culpada" ao
visitar as peças gregas no museu britânico. "Ainda assim, tenho a impressão de que os mármores ficarão aqui."
Outra peça da coleção do
museu que está em disputa é o
Cilindro de Ciro. O artefato feito em barro traz registros de
decretos do rei Ciro (559-530
a.C.), e o museu vem descumprindo um calendário de empréstimos da peça ao Irã, que
rompeu relações com a instituição britânica. O museu alega
que novas descobertas sobre a
peça impediram seu empréstimo.
(FERNANDA MENA e LUCIANA COELHO)
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