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POLÍTICA CULTURAL
Comitê Gestor de Patrocínios faz levantamento inédito de investimentos estatais no setor da cultura
Petrobras gasta R$ 96 mi em patrocínios
WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Petrobras gastou cerca de R$
96 milhões em patrocínio de atividades culturais ou esportivas no
ano passado, tornando-se a empresa estatal campeã nesse tipo de
investimento. O valor representa
58% do total que as seis principais
estatais do governo federal investiram nas duas áreas.
A vice-campeã foi a BR -Petrobras Distribuidora-, com
20% dos investimentos. Assim, o
setor do petróleo respondeu por
mais de dois terços dos recursos
destinados às artes, espetáculos,
restauração e esportes, que receberam verbas dos cofres públicos
federais, ainda que por meio de
estatais.
Os números relativos aos investimentos constam do primeiro
balanço do Comitê Gestor de Patrocínios, da Secretaria de Comunicação de Estado da Presidência
da República, ao qual a Folha teve
acesso na semana passada.
São seis as estatais que integram
o comitê: Petrobras, BR Distribuidora, Eletrobrás, Correios, Banco
do Brasil e Caixa Econômica Federal.
Ao todo, foram aprovados 964
projetos culturais ou esportivos
no ano passado, dos quais 394
com orçamentos superiores a R$
50 mil.
Do total de projetos que obtiveram a chancela de apoio federal,
750 foram ligados à cultura e o
restante ao esporte.
Apesar de o número de eventos
esportivos ter sido menor, eles
acabaram ficando com a maior
parte do bolo dos recursos
-26%.
Bem próximo, estiveram os gastos com artes cênicas (25% dos investimentos), seguidos pelas atividades de conservação e restauração do patrimônio artístico e
histórico (com 20%).
Depois vieram os financiamentos de filmes (16%) e, por fim, os
investimentos em atividades musicais (com 13%).
Sintonia
"A criação do comitê, em janeiro de 2000, foi uma maneira de fazer com que houvesse uma sintonia muito maior entre os dois lados da equação: de um lado os
formuladores da política de governo, como o Ministério da Cultura e suas secretarias ou o Ministério do Esporte, e de outro as estatais", afirmou à Folha o embaixador Sergio Abreu e Lima Florêncio, responsável pelo comitê.
Antes do comitê, cada estatal tinha um esquema próprio de financiamento de projetos.
Isso fazia com que algumas propostas recebessem recursos de
mais de uma estatal -especialmente quando o produtor tinha
maior trânsito ou influência-,
enquanto outras nem sequer chegavam à avaliação delas.
Além disso, como nenhuma estatal sabia quanto a outra estava
realmente investindo em determinado projeto ou atividade, esse
fator, nas mãos de produtores
mal-intencionados, gerava uma
espécie de inflação dentro do próprio circuito.
Segundo avaliação do embaixador, houve no início uma dificuldade em fazer com que as estatais
conhecessem melhor a filosofia
da política cultural e desportiva
do governo e suas expectativas.
"As próprias empresas têm suas
diretrizes, também formulam políticas para elas próprias, mas era
necessário integrar os dois lados.
Nesse sentido, o comitê teve êxito, porque no início nós não tínhamos certeza de que o clima seria esse", afirmou.
O embaixador disse que, embora o comitê "nunca tenha procurado ser um instrumento impositivo de política cultural sobre as
estatais", procura exercer "influência positiva" sobre as empresas, indicando projetos de cunho social, como os voltados para
recuperação de meninos de rua
ou de incentivo à arte entre crianças carentes.
"A sociedade olha com bons
olhos uma empresa que tem uma
vertente social mais desenvolvida. E a gente procura estimular e
criar maior receptividade para
projetos culturais ou esportivos
que tenham um componente social marcante", afirmou.
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