São Paulo, sexta-feira, 15 de maio de 2009

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Crítica

"A Garota Ideal" segue clichês do cinema independente dos EUA

CRÍTICO DA FOLHA

O cinema independente americano nos fez acostumar tanto à estética Sundance e às historinhas de gente como a gente que hoje pouco se consegue distinguir esse tipo de filme das fórmulas prontas que chegam toda semana da usina Hollywood.
Para quem admira muito o que contempla em espelhos, "A Garota Ideal" vai oferecer plenitude às almas carentes de "fofura", do mesmo modo que aconteceu no ano passado com o truque "Juno". Trata-se, porém, de mais um desses casos feitos com tanto cálculo que qualquer surpresa não passa de ingenuidade.
Como de hábito, o filme traz como protagonista um tipo estranho, patologicamente tímido e pouco integrado, apesar de charmoso. Após a morte dos pais, Lars vive sozinho num casebre nos fundos de onde o irmão, Gus, mora com a mulher, Karin, que está grávida.
Esta facilidade dos nomes próprios se completa com o grupo dos personagens entre os quais Lars mantém vínculos, um tanto neuróticos e carentes.
Por isso estranham só um pouquinho quando Lars aparece acompanhado de uma "namorada", de fato uma "sex doll", uma boneca para solitários, a tal "garota ideal". Para combinar com o grupo ela é batizada com um nome "fofo": Bianca.
Logo o comportamento bizarro de Lars será convertido em formas calorosas de atenção. Afinal, de perto ninguém é normal, não é mesmo?
O delírio de se apaixonar por uma boneca nem dura muito e já passa a ser tratado como ocasional. Bianca se integrará à comunidade, desempenhando funções sociais relevantes, como trabalho voluntário.
Por sua vez, Lars conseguirá, aos poucos, descobrir a força do amor verdadeiro, ao lado de gente "de verdade".
Nesta fábula sobre sentimentos, tudo se conecta com tanta facilidade que a premissa inicial de retratar os deslocamentos é que termina completamente deslocada.
Alguns gritarão que Ryan Gosling é incrível. Sim, ele parece muito bom e ganhou uma penca de prêmios, mas não é forte o suficiente para, além de carregar a "garota ideal" no colo, levar o filme nas costas. (CSC)


A GAROTA IDEAL
Produção:
EUA, 2007
Direção: Craig Gillespie
Com: Ryan Gosling e Emily Mortimer
Onde: Bristol, Cinesesc e circuito
Classificação: 14 anos
Avaliação: regular



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