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Crítica
"A Garota Ideal" segue clichês do cinema independente dos EUA
CRÍTICO DA FOLHA
O cinema independente
americano nos fez
acostumar tanto à estética Sundance e às historinhas de gente como a gente que
hoje pouco se consegue distinguir esse tipo de filme das fórmulas prontas que chegam toda semana da usina Hollywood.
Para quem admira muito o
que contempla em espelhos, "A
Garota Ideal" vai oferecer plenitude às almas carentes de "fofura", do mesmo modo que
aconteceu no ano passado com
o truque "Juno". Trata-se, porém, de mais um desses casos
feitos com tanto cálculo que
qualquer surpresa não passa de
ingenuidade.
Como de hábito, o filme traz
como protagonista um tipo estranho, patologicamente tímido e pouco integrado, apesar de
charmoso. Após a morte dos
pais, Lars vive sozinho num casebre nos fundos de onde o irmão, Gus, mora com a mulher,
Karin, que está grávida.
Esta facilidade dos nomes
próprios se completa com o
grupo dos personagens entre os
quais Lars mantém vínculos,
um tanto neuróticos e carentes.
Por isso estranham só um
pouquinho quando Lars aparece acompanhado de uma "namorada", de fato uma "sex doll",
uma boneca para solitários, a
tal "garota ideal". Para combinar com o grupo ela é batizada
com um nome "fofo": Bianca.
Logo o comportamento bizarro de Lars será convertido
em formas calorosas de atenção. Afinal, de perto ninguém é
normal, não é mesmo?
O delírio de se apaixonar por
uma boneca nem dura muito e
já passa a ser tratado como ocasional. Bianca se integrará à comunidade, desempenhando
funções sociais relevantes, como trabalho voluntário.
Por sua vez, Lars conseguirá,
aos poucos, descobrir a força do
amor verdadeiro, ao lado de
gente "de verdade".
Nesta fábula sobre sentimentos, tudo se conecta com
tanta facilidade que a premissa
inicial de retratar os deslocamentos é que termina completamente deslocada.
Alguns gritarão que Ryan
Gosling é incrível. Sim, ele parece muito bom e ganhou uma
penca de prêmios, mas não é
forte o suficiente para, além de
carregar a "garota ideal" no colo, levar o filme nas costas.
(CSC)
A GAROTA IDEAL
Produção: EUA, 2007
Direção: Craig Gillespie
Com: Ryan Gosling e Emily Mortimer
Onde: Bristol, Cinesesc e circuito
Classificação: 14 anos
Avaliação: regular
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