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FESTIVAL
Vídeo é iniciativa do Filo
Sem-terra mostram "Uma Luta de Todos"
DA REPORTAGEM LOCAL
Sem-terra, policiais militares,
um morto, 80 feridos. Começa assim, com imagens do conflito
ocorrido em maio, numa rodoviária da região metropolitana de
Curitiba. Depois vem o contraponto: a história de um pré-assentamento conquistado sem
derramamento de sangue.
"Uma Luta de Todos" é o documentário concebido e criado por
um grupo de 31 sem-terra, crianças, adolescentes e adultos, que
participaram da oficina de audiovisual programada pelo 33º Festival Internacional de Teatro de
Londrina (Filo).
Coordenado pela cineasta paranaense Berenice Mendes e equipe, o trabalho será exibido hoje,
para convidados, na Associação
Médica de Londrina. Amanhã, no
período da tarde, haverá sessões
corridas para o público.
Os sem-terra do pré-assentamento Dorcelina Folador, em
Arapongas (a 36 km de Londrina,
na região norte do Paraná), participaram do projeto durante os
primeiros 15 dias de maio.
Com 27 minutos e 30 segundos,
"Uma Luta de Todos" enfoca os
16 meses de trajetória do pré-assentamento formado por 67 famílias. Os participantes foram divididos em núcleos de produção,
roteiro, técnica, direção e interpretação. Até violeiros da região
endossam a trilha sonora.
"É um documentário com estrutura clássica: o histórico, a chegada deles, a repercussão junto à
comunidade", conta Berenice
Mendes, 40. Em 1985, ela rodou
"Classe Roceira", sobre as primeiras ações do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) no
Paraná.
Crise em cena
A edição atual do Filo prossegue
até domingo, a duras penas. Iniciado em maio, sob o tema "Ano
0, de Todas as Artes", o evento sofreu vários cortes.
Foram canceladas, por exemplo, a vinda de cineastas dinamarqueses que idealizaram o Dogma
95 e a apresentação do grupo espanhol Sèmola Theatre.
A metade do orçamento de R$
1,2 milhão (a projeção inicial era
de R$ 2,5 milhões) ainda não foi
repassada pela prefeitura e pelo
Estado. A diretora do Filo, Nitis
Jacon, 64, espera que as verbas
cheguem, mesmo atrasadas (como na edição de 1999).
"Estamos passando por uma
angústia muito grande, a ponto
de pensarmos em mudar a forma
de fazer o festival ou fecharmos de
vez", afirma.
Alguns fatores contribuíram
para o cenário atual. Nitis elenca,
no plano municipal, a crise na administração do prefeito Antônio
Belinati (PFL), acusado de comandar um esquema de corrupção. Em nível federal, aponta a demanda de recursos empregados
nas festividades dos 500 anos.
"Muitos festivais tradicionais, como o nosso e o de Campina Grande (PB), estão enfrentando sérios
problemas."
Apesar do desgaste, o Filo manteve a perspectiva social. Dos 24
projetos vinculados à comunidade (mulheres da periferia, presidiários etc), caíram apenas três.
Além do documentário com os
sem-terra, a oficina de moda marca presença, até domingo, com
uma instalação no shopping Royal Plaza. Foi realizada pela Cooperativa de Artesãs e Costureiras
da Rocinha (Coopa Roca), do Rio,
com donas de casa do bairro de
União da Vitória, na periferia de
Londrina.
Nesta reta final do Filo, destaca-se no palco o espetáculo
"A+B=X", protagonizado pelo
inglês Gilles Jobin. Segundo o
ator, especializado na linguagem
da mímica, "o trabalho lida com o
corpo no presente, com o corpo
que vive agora, não como um corpo preso a um romantismo fora
de moda".
(VALMIR SANTOS)
Evento: 33º Festival Internacional de Teatro de Londrina
Quando: até 18/6
Informações: tel. 0/xx/43/322-1030
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