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CINEMA/ESTRÉIA
"TÔNICA DOMINANTE"
Primeiro longa-metragem da musicista e cineasta Lina Chamie chega às telas do Rio e de São Paulo
Filme dialoga com a estrutura da música
DA REPORTAGEM LOCAL
Musicista de formação, a cineasta Lina Chamie, 39, vê "similaridades" entre as duas artes
-"ambas as expressões acontecem no tempo e são pautadas pelo
ritmo", diz.
Em seu primeiro longa-metragem, "Tônica Dominante", que
estréia hoje em São Paulo e no
Rio, Chamie selou a união entre
cinema e música a partir do tema
da película -o percurso artístico
de um jovem clarinetista- até a
sua estrutura -o filme se sucede
em três movimentos, à semelhança de um arranjo orquestral.
Mais que a história pessoal de
um músico, a cineasta procurou
abordar o processo de criação artística. "Essa é a essência do filme", diz.
Para representar seu tema em
diálogo com a expressão que o suporta -a tela- Chamie decidiu
usar uma "gramática arrojada",
mas precisou torná-la possível de
realização em um orçamento de
R$ 500 mil, bastante inferior à
média dos filmes no formato 35
mm, que gira em torno de R$ 1,8
milhão.
"Lançamos mão de soluções
criativas e da garra de uma equipe
interessada em fazer um grande
trabalho", diz. A mais importante
das soluções foi executar os 46
efeitos de fusão e "fade" (processo
de corte em que a imagem desaparece ou surge aos poucos) presentes no filme por meio da econômica técnica de montagem em
paralelo (A e B), que substituiu a
dispendiosa trucagem comumente usada nas películas.
Arrojo
"Acabamos realizando um filme de baixo orçamento com estética arrojada. Ou seja, ele não se
enquadra na definição usual de
"low budget'", diz a cineasta que
viveu durante 14 anos em Nova
York, especializando-se em música e trabalhando paralelamente
no departamento de cinema da
New York University.
De volta ao país em 95, Chamie
cumpriu agenda de recitais com
seu clarinete e dirigiu o premiado
curta "Eu Sei que Você Sabe".
"Nessa época eu já tinha o roteiro de "Tônica Dominante" elaborado", conta. Mas o filme consumiu cinco anos entre as primeiras
cenas rodadas e a chegada hoje às
telas. Boa parte desse tempo
aguardou a recuperação do ator
Fernando Alves Pinto, intérprete
do protagonista da história, que
se acidentou gravemente no 12º
dia de filmagem.
Por isso, ao tomar de novo a câmera em 1999, Chamie teve a impressão de, no processo de produção de seu longa, vivenciar a história que pretendia contar. "Foi
emocionante para nós a retomada da luz, de nossas vidas e projetos, tal qual acontecia ao personagem do roteiro", diz.
Integram também o elenco Vera Zimmermann, Vera Holtz e
Carlos Gregório. "Tônica Dominante" cumpriu carreira em diversos festivais no Brasil e no exterior e chega ao circuito comercial do Rio e de São Paulo com
apenas três cópias, que circularão
em seguida pelas demais capitais.
(SILVANA ARANTES)
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