São Paulo, sexta-feira, 15 de junho de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CINEMA/ESTRÉIA

"TÔNICA DOMINANTE"

Primeiro longa-metragem da musicista e cineasta Lina Chamie chega às telas do Rio e de São Paulo

Filme dialoga com a estrutura da música

DA REPORTAGEM LOCAL

Musicista de formação, a cineasta Lina Chamie, 39, vê "similaridades" entre as duas artes -"ambas as expressões acontecem no tempo e são pautadas pelo ritmo", diz.
Em seu primeiro longa-metragem, "Tônica Dominante", que estréia hoje em São Paulo e no Rio, Chamie selou a união entre cinema e música a partir do tema da película -o percurso artístico de um jovem clarinetista- até a sua estrutura -o filme se sucede em três movimentos, à semelhança de um arranjo orquestral.
Mais que a história pessoal de um músico, a cineasta procurou abordar o processo de criação artística. "Essa é a essência do filme", diz.
Para representar seu tema em diálogo com a expressão que o suporta -a tela- Chamie decidiu usar uma "gramática arrojada", mas precisou torná-la possível de realização em um orçamento de R$ 500 mil, bastante inferior à média dos filmes no formato 35 mm, que gira em torno de R$ 1,8 milhão.
"Lançamos mão de soluções criativas e da garra de uma equipe interessada em fazer um grande trabalho", diz. A mais importante das soluções foi executar os 46 efeitos de fusão e "fade" (processo de corte em que a imagem desaparece ou surge aos poucos) presentes no filme por meio da econômica técnica de montagem em paralelo (A e B), que substituiu a dispendiosa trucagem comumente usada nas películas.

Arrojo
"Acabamos realizando um filme de baixo orçamento com estética arrojada. Ou seja, ele não se enquadra na definição usual de "low budget'", diz a cineasta que viveu durante 14 anos em Nova York, especializando-se em música e trabalhando paralelamente no departamento de cinema da New York University.
De volta ao país em 95, Chamie cumpriu agenda de recitais com seu clarinete e dirigiu o premiado curta "Eu Sei que Você Sabe".
"Nessa época eu já tinha o roteiro de "Tônica Dominante" elaborado", conta. Mas o filme consumiu cinco anos entre as primeiras cenas rodadas e a chegada hoje às telas. Boa parte desse tempo aguardou a recuperação do ator Fernando Alves Pinto, intérprete do protagonista da história, que se acidentou gravemente no 12º dia de filmagem.
Por isso, ao tomar de novo a câmera em 1999, Chamie teve a impressão de, no processo de produção de seu longa, vivenciar a história que pretendia contar. "Foi emocionante para nós a retomada da luz, de nossas vidas e projetos, tal qual acontecia ao personagem do roteiro", diz.
Integram também o elenco Vera Zimmermann, Vera Holtz e Carlos Gregório. "Tônica Dominante" cumpriu carreira em diversos festivais no Brasil e no exterior e chega ao circuito comercial do Rio e de São Paulo com apenas três cópias, que circularão em seguida pelas demais capitais. (SILVANA ARANTES)


Texto Anterior: Teatro/Crítica: Sob olhar estrangeiro, Bishop define Brasil
Próximo Texto: Crítica: Longa-metragem de Chamie opta por narrativa poética
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.