"Pele de Ouro" entra em cartaz na capital e "FatzerBraz" estreia no 10º FIT, que começa hoje

Espetáculos misturam dramaturgia alemã pautada no texto e na fala com ênfase gestual do teatro brasileiro

MARCOS GRINSPUM FERRAZ
DE SÃO PAULO

Um dos espetáculos une uma companhia brasileira a atores alemães. O outro une um grupo alemão a atores brasileiros.
Ambos estreiam essa semana no Brasil -um em São Paulo e o outro no festival de São José do Rio Preto (FIT), que começa hoje-, propondo diálogos entre a força do texto e da fala na dramaturgia alemã e a ênfase gestual no teatro brasileiro.
"Pele de Ouro - Novos Argonautas" tem como base a companhia Tablado de Arruar e reúne textos do brasileiro Alexandre Dal Farra e da alemã Tine Völcker.
Com direção de Tilmann Köhler e participação de atores de Berlim, a peça tem como motor o contato entre os grupos dos dois países e a ideia do "olhar sobre o outro", como diz Dal Farra.
Assim, além dos textos trazerem as impressões de um dramaturgo sobre o país do outro, jogos com as línguas são constantes, numa mistura de falas em português, alemão e inglês, sempre com tradução direta.
"A união se deu mais por um desejo de contato do que por uma afinidade de linguagem teatral", diz Dal Farra.
Isso porque, assim como o produtor Matthias Pees -que está por trás dos dois projetos junto ao Sesc e ao Goethe Institut-, ele diz ver no teatro alemão uma formação muito mais calcada no texto do que no Brasil.
"Eles têm muita técnica na fala. O ator brasileiro usa mais o corpo, mas parece que fala menos na cara."

BRECHT EM RIO PRETO
"FatzerBraz", que franqueia ao público do FIT seu processo de criação, tem como base a companhia alemã andcompany&co e trabalha texto de Bertolt Brecht -ressaltando nele, segundo Pees, aspectos "tropicalistas" já presentes na obra do alemão.
O grupo de Berlim, que costuma usar música e artes plásticas em suas performances, recontextualiza "Fatzer", do jovem Brecht, que se passa, originalmente, durante a Primeira Guerra.