São Paulo, quarta, 15 de julho de 1998

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Cinema iraniano vence fronteiras

PAULO DANIEL FARAH
da Redação

Enquanto conservadores e moderados se enfrentam politicamente, desde a eleição do presidente pró-reformas Mohamad Khatami, no ano passado, o cinema do Irã conquista admiradores bem além de suas fronteiras.
Após a Revolução Islâmica de 1979, as formas tradicionais de arte passaram a ser valorizadas. No governo anterior, do xá Reza Pahlevi, a cultura local era considerada primitiva, e a sociedade buscava a "sofisticação" ocidental.
Uma peça teatral de 1922, escrita por Hasan Moqaddam -"Jafar Khaan az farang aamada" (Jafar Khan Voltou da Europa)-, debochava da imitação superficial que os iranianos faziam dos europeus. E indicava a possibilidade de caminharem com os próprios pés.
Embora o cinema iraniano tenha obtido reconhecimento internacional só no início desta década, desde 1969 vive uma fase próspera. Naquele ano, Dariush Mehrjui dirigiu "A Vaca", e um grupo de intelectuais lançou um movimento que combatia o cinema escapista e produzia filmes independentes de conscientização social.
Apesar das restrições religiosas, com simplicidade estética e complexidade conceitual, os filmes iranianos misturam ficção e documentário. Apoiados num realismo distinto, apresentam fatos como se fossem ficção, e vice-versa.
Diretores de cinema como Abbas Kiarostami e Mohsen Makhmalbaf mostram que é possível fazer (bons) filmes sem mortes nem explosões. O respeito às crenças de cada indivíduo e o direito à palavra parecem ser o "leitmotif" de sua produção cinematográfica.
Um exemplo disso é o filme "Através das Oliveiras" (94), segundo capítulo da "Trilogia do Terremoto", de Kiarostami. Outro é este "Sib" (A Maçã). Makhmalbaf dá voz às personagens e permite que descubramos um pouco do Irã. Assim como as meninas Zahra e Massoumeh decifram a vida e o viço das maçãs.



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