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Cinema iraniano vence fronteiras
PAULO DANIEL FARAH
da Redação
Enquanto conservadores e moderados se enfrentam politicamente, desde a eleição do presidente pró-reformas Mohamad
Khatami, no ano passado, o cinema do Irã conquista admiradores
bem além de suas fronteiras.
Após a Revolução Islâmica de
1979, as formas tradicionais de arte passaram a ser valorizadas. No
governo anterior, do xá Reza Pahlevi, a cultura local era considerada primitiva, e a sociedade buscava a "sofisticação" ocidental.
Uma peça teatral de 1922, escrita
por Hasan Moqaddam -"Jafar
Khaan az farang aamada" (Jafar
Khan Voltou da Europa)-, debochava da imitação superficial que
os iranianos faziam dos europeus.
E indicava a possibilidade de caminharem com os próprios pés.
Embora o cinema iraniano tenha
obtido reconhecimento internacional só no início desta década,
desde 1969 vive uma fase próspera.
Naquele ano, Dariush Mehrjui dirigiu "A Vaca", e um grupo de
intelectuais lançou um movimento que combatia o cinema escapista e produzia filmes independentes de conscientização social.
Apesar das restrições religiosas,
com simplicidade estética e complexidade conceitual, os filmes
iranianos misturam ficção e documentário. Apoiados num realismo
distinto, apresentam fatos como
se fossem ficção, e vice-versa.
Diretores de cinema como Abbas Kiarostami e Mohsen Makhmalbaf mostram que é possível fazer (bons) filmes sem mortes nem
explosões. O respeito às crenças de
cada indivíduo e o direito à palavra parecem ser o "leitmotif" de
sua produção cinematográfica.
Um exemplo disso é o filme
"Através das Oliveiras" (94), segundo capítulo da "Trilogia do
Terremoto", de Kiarostami. Outro é este "Sib" (A Maçã). Makhmalbaf dá voz às personagens e
permite que descubramos um
pouco do Irã. Assim como as meninas Zahra e Massoumeh decifram a vida e o viço das maçãs.
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