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Artista não se considera "popular"
do enviado especial
"Não há ainda no teatro e na
dança brasileiros algo de que se
possa dizer: isso só poderia ter sido feito no Brasil", afirmou ontem Antônio Nóbrega, reclamando da voz, gasta na apresentação
da véspera.
Ele defendeu a seleção de Avignon, centrada no teatro e na música com ligações populares, no
caso do Brasil.
"As companhias de dança de
São Paulo e do Rio montam, todos os anos, "O Quebra- Nozes".
Na mesma época, temos o pastoreio, o reisado, o bumba-meu-boi. Se eu tivesse de escolher entre
eles, optaria pela cultura popular", disse.
No entanto, Nóbrega se recusa a
ser classificado como um "artista
popular". "Minha maior referência é a cultura popular. Se eu só repetisse o que o povo faz, a dimensão do trabalho seria outra", afirmou.
Mitos
Sobre a presença de "Toda Nudez Será Castigada" em Avignon,
ele comentou: "Acho que Nelson
Rodrigues responde a um determinado estrato social brasileiro,
de um viés burguês. Ele reflete
problemas das grandes cidades,
mas o teatro é também forma,
não só texto".
Na sua opinião, o teatro brasileiro deve buscar nos mitos seu
fundamento, assim como o teatro
grego buscou na mitologia grega
o seu. Ele acredita que essa busca
passaria necessariamente pela
dança e pela música.
Nóbrega afirmou que o nome
do espetáculo foi uma escolha de
Avignon.
Bernard Faivre d'Arcier, diretor
do festival, pediu uma obra nova
depois de assistir "Pernambuco
Falando para o Mundo" e propôs
que o nome fosse apenas "Pernambouc". O brasileiro aceitou.
"O nome assinalava um universo quase desconhecido para os
europeus. Nunca me arvorei como o único representante da cultura de Pernambuco", afirmou
Nóbrega.
No mês de maio do ano que
vem, Antônio Nóbrega deve se
apresentar em Paris, na Cité de la
Musique.
(HCS)
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