LÉO GERCHMANN
da Agência Folha, em Porto Alegre

A Rádio Cultura FM, emissora estatal do Rio Grande do Sul que integra a Fundação Rádio e Televisão Educativa, criou, no governo petista de Olívio Dutra, uma programação fixa específica para apresentar músicas de protesto. O programa "Canções de Luta" vai ao ar às 21h de todas as sextas.
Desde 14 de maio, quando começou a ser transmitido, ficou definido que o programa seria temático. Ou seja, em um dia, ou por meio de uma série, a idéia é esgotar um assunto, apresentando análises sobre o momento histórico ligado ao tema.
O primeiro programa tratou da Revolução Francesa, por um motivo bastante coerente com o seu espírito. "As músicas de protesto existem desde a Revolução Francesa. A "Marselhesa" representa um marco na história da música", disse a produtora e apresentadora Jaqueline Chala, 34.
Cada programa tem duração de uma hora e é composto por 12 ou 13 músicas, acompanhadas de textos que relatam seus significados, contextualizando-as.
Depois do programa sobre a Revolução Francesa, foram explorados temas como a 2ª Guerra Mundial, a Guerra Civil Espanhola e a criação musical grega durante a ditadura de 1967 a 1974, além de uma série sobre o Chile sob o comando de Pinochet.
Nos planos de Chala estão uma longa série sobre o regime militar brasileiro e roteiros sobre músicas de protesto norte-americanas e o festival dos sem-terra ocorrido recentemente.
Para amanhã (dois dias depois do aniversário da queda da Bastilha), está sendo preparada uma seleção de várias versões da "Marselhesa".
"Antes de concluirmos cada trabalho, fazemos uma grande garimpagem. Não é à toa que várias pessoas nos telefonam pedindo cópias das fitas. Há várias raridades que descobrimos e colocamos no ar", disse a produtora, que cita, entre outros achados, músicas do compositor grego Nikis Theodorakis.
"Nosso programa procura mostrar que as músicas são um produto da sua época. Elas trazem significados. O vínculo com a história é direto."


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