DA REPORTAGEM LOCAL

O primeiro dia do Campari Rock era o dia do novo, da música que pensa à frente. Uma das razões era a presença da dupla escocesa de DJs Optimo, responsável por um dos clubes mais vibrantes da Europa (o... Optimo, em Glasgow) e dona de um estilo de tocar que não se prende a estilos musicais. Mas, na sexta passada, não foi a noite deles.
Acostumados a se apresentar em clubes, JG Wilkes e JD Twitch são conhecidos por sets em que incluem, lado a lado, o disco-punk LCD Soundsystem, o tecno Michael Mayer, o pós-punk Wire, a disco Donna Summer, o electro David Carretta... Mas, talvez influenciados pelo ambiente -um festival de rock-, eles tocaram praticamente apenas... rock.
E, aí, dá-lhe Ramones, Soulwax, New Order. Claro, é sempre legal ouvir "I Heard it Through the Grapevine", com as Slits, ou "Be My Baby", das Ronettes, em cima de uma base suja dos Stooges, ou "You Can't Always Get what You Want", uma das melhores coisas que os Stones já fizeram, mas, no geral, foi um set normal demais, conservador demais.
Conservadorismo que não esteve presente no show do combo paulistano Cansei de Ser Sexy.
São seis meninas nas guitarras, teclado e baixo, mais Adriano Cintra, único músico do grupo, que se reveza entre bateria, guitarra e vocal. Duas coisas fazem do Cansei de Ser Sexy uma banda necessária: não carregam nenhuma pretensão, não se levam nem um pouco a sério, e as músicas são dançantes, modernas, boas.
O que a banda faz pode até ser classificado como electro-rock, mas, no fundo, é música pop, cheia de melodias redondas, como em "Super a Fim", e de energia crua, como em "Art Bitch".
Banda criada como um projeto entre amigos, o Cansei de Ser Sexy virou gente grande. O primeiro álbum do grupo sai até o final do ano, pelo selo Trama Virtual. Até lá, pegue-os ao vivo. (THIAGO NEY)

Optimo:   

Cansei de Ser Sexy: