São Paulo, segunda-feira, 15 de agosto de 2005

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ARTES PLÁSTICAS

Exposição na Galeria de Arte do Sesi acompanha a trajetória da formação público/privada do acervo do museu

Mostra percorre o centenário da Pinacoteca

Fernando Donasci/Folha Imagem
"A Fazedora de Anjos", de Weingartner, durante montagem da exposição do acervo da Pinacoteca


FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Cerne de todo museu, o acervo é festejado em duas mostras na cidade. Hoje, na Galeria de Arte do Sesi, é a vez da Pinacoteca, que, nas comemorações de seu centenário, apresenta uma didática mostra sobre a constituição de sua coleção, hoje com cerca de 6.500 obras. Já na próxima semana, o Museu de Arte Moderna (MAM) apresenta destaques do notável crescimento de seu patrimônio (leia texto à direita).
Ambas representam iniciativas um tanto raras na cena museológica brasileira, combinando planejamento, ação conjunta e continuidade. No caso de "100 Anos da Pinacoteca, a Formação de um Acervo", o enfoque de Marcelo Araújo, diretor da instituição e curador da mostra, é que "a coleção se estruturou não só a partir da ação estatal mas também com o apoio da iniciativa privada".
Essas duas vertentes se dividem em dois percursos na mostra. No primeiro, o público, são apresentadas algumas das 26 obras transferidas em dezembro de 1905 do Museu do Estado para a recém-criada Pinacoteca, no então prédio do Liceu de Artes e Ofícios. Estão lá telas de Pedro Alexandrino, Almeida Júnior e Pedro Weingartner, entre outros.
Entre 1905 e 1911, ano que é formalmente criada, mais 33 obras chegam à Pinacoteca, período representado no segundo módulo da mostra. Entre os destaques, o tríptico "A Fazedora de Anjos", de Weingartner.
Em 1912, o governo do Estado cria o "Pensionato Artístico" -sistema de bolsas no exterior, que obriga o artista agraciado a ceder dois trabalhos à Pinacoteca-, uma política importante, que marca o início da entrada de trabalhos modernos na Pinacoteca, como "Carregadora de Perfume", de Brecheret, e "Tropical", de Anita Malfatti.
Transferências são feitas ainda do Museu Paulista, quando Sérgio Buarque de Holanda está à frente da instituição, nos anos 30, com trabalhos como "Fim de Romance", de Antonio Parreiras. Nesse mesmo período ocorrem importantes aquisições: "Bananal", de Lasar Segall, e "São Paulo", de Tarsila do Amaral.
A Pinacoteca amplia significativamente seu acervo apenas três décadas mais tarde, quando Aracy Amaral adquire trabalhos concretos e neoconcretos, como um "Bicho", de Lygia Clark, e, mais recentemente, quando Emanoel Araújo consegue R$ 1 milhão do Estado para comprar obras de Carlos Vergara e outros.
No segmento da iniciativa privada, a mostra começa com as doações de grandes coleções particulares, como as da família Silveira Cintra. Fundamental nessa vertente são as doações feitas pelos próprios artistas, como o conjunto de Willys de Castro, ou conjuntos mais recentes como o de Claudia Andujar.
Finalmente, o último segmento abarca doações recebidas, especialmente aquelas feitas com apoio da lei de renúncia fiscal, outra forma de cooperação entre público e privado. Entre as doações, estão algumas das mais importantes peças da Pinacoteca, como esculturas de Rodin e uma tela de Iberê Camargo. "Com essa mostra, fica claro como um museu só se estrutura em um processo de longo prazo e do tanto que o Estado investiu e deveria continuar investindo", conta ainda Araújo.
100 Anos da Pinacoteca, a Formação de um Acervo
Quando: abertura hoje, 20h (para convidados); de ter. a sáb., das 10h às 20h, dom., das 10h às 19h. Até 16/10
Onde: Galeria de Arte do Sesi (av. Paulista, 1.313, tel. 0/xx/11/3146-7405)
Quanto: entrada franca


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