São Paulo, Sexta-feira, 15 de Outubro de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FREE JAZZ POP
Cake quer provar que não é banda de um CD só

GABRIELA MICHELOTTI
da Revista da Folha

A banda californiana Cake, que ficou conhecida com sua regravação do hit disco dos anos 70 ""I Will Survive", foi uma das escolhidas para representar a ala pop do Free Jazz deste ano.
Formada em 1991, o Cake passou cinco anos fazendo shows em cafés do circuito college da Califórnia. Mas, em 1996, a mistura de rock, country e blues com a voz monocórdia de John McCrea agradou as rádios e transformou seu segundo disco, ""Fashion Nuggets", em uma mina de hits.
Depois de um terceiro disco, lançado em 1998 e não tão elogiado, e da saída do guitarrista Greg Brown, um dos cabeças do grupo, o Cake chega ao Free Jazz tentando provar que não é banda de um disco só. A banda chega ao país trazendo seu novo guitarrista, Xan McCurdy.
Para comentar seus shows no Brasil, o vocalista e guitarrista da banda, John McCrea, concedeu entrevista à Folha, onde afirmou que o Cake não está preocupado em inovar, mas apenas em garantir a diversão do seu público.

Folha - O último disco da banda, ""Prolonging The Magic", não foi tão elogiado como ""Fashion Nuggets". Como vocês encaram as críticas de que estariam se repetindo?
John McRea -
A gente não está querendo inovar nada. Só estamos querendo divertir as pessoas. Acho que inovação é uma coisa secundária para o serviço que realizamos. Encaro meu trabalho como um serviço cuja missão é divertir as pessoas.
Além do mais, não há nenhuma outra banda que faça um som igual ao nosso. Nosso som é único, e não estou preocupado em mudá-lo simplesmente por mudar. Acho isso uma estupidez.

Folha - O que vocês estão achando de tocar no Brasil, num festival de jazz?
McRea -
Acho que vai ser interessante tocar aí, um lugar que sempre me atraiu, mas onde não éramos muito populares. Parece ser um país cheio de contrastes. Eu gosto também de tocar em festivais de vários estilos de música, o que parece ser o caso deste Free Jazz.

Folha - O que você pode adiantar sobre os shows quer farão no Brasil?
McRea -
Nós não fazemos um set list, então não é possível adiantar muita coisa. Mas vamos dividir o show entre as músicas dos nossos três álbuns em proporções mais ou menos iguais.

Folha - O som do Cake chamou a atenção por ser uma grande mistura de estilos tradicionais. Vocês não gostam da música que é feita hoje?
McRea -
Não. Ela não me diverte. Eu fico cada vez mais entediado com a música que os críticos dizem que eu devo gostar.
Às vezes, consigo ouvir uma ou outra música, mas, no geral, prefiro os clássicos de sempre. Gosto muito de Aretha Franklin, James Brown, Bob Wilson e Ella Fitzgerald. Por isso, muito da nossa música vem do passado. Há muita influência do country e do western, e, obviamente, do rock. Mas, antes disso, rythm and blues e também possuímos alguma conexão com a música latina, o punk e a black music. Isso é o que eu ouço e sempre gostei de ouvir, muito mais do que o rock moderno de hoje.

Folha - E os anos 70, onde eles se encaixam no som de vocês?
McRea -
Eu acho que os anos 70 foram um período muito importante para a história da música e para mim em específico, pois foi exatamente nessa época em que eu descobri a música. Foi por isso que decidimos regravar sucessos desse período.

Folha - Você conhece alguma coisa de música brasileira?
McRea -
Sim, eu gosto de Tom Jobim e Caetano Veloso, mas, provavelmente, meu favorito é Tom Zé. Acho que suas letras são muito boas e sua musicalidade é excelente.


Texto Anterior: Teatro/Crítica: "Rainha" encena com correção um dos textos da década
Próximo Texto: Free Jazz Eletrônico: DJ Darren Emerson, do Underworld, pilota megarave
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.