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FREE JAZZ POP
Cake quer provar que não é banda de um CD só
GABRIELA MICHELOTTI
da Revista da Folha
A banda californiana Cake, que
ficou conhecida com sua regravação do hit disco dos anos 70 ""I
Will Survive", foi uma das escolhidas para representar a ala pop
do Free Jazz deste ano.
Formada em 1991, o Cake passou cinco anos fazendo shows em
cafés do circuito college da Califórnia. Mas, em 1996, a mistura de
rock, country e blues com a voz
monocórdia de John McCrea
agradou as rádios e transformou
seu segundo disco, ""Fashion
Nuggets", em uma mina de hits.
Depois de um terceiro disco,
lançado em 1998 e não tão elogiado, e da saída do guitarrista Greg
Brown, um dos cabeças do grupo,
o Cake chega ao Free Jazz tentando provar que não é banda de um
disco só. A banda chega ao país
trazendo seu novo guitarrista,
Xan McCurdy.
Para comentar seus shows no
Brasil, o vocalista e guitarrista da
banda, John McCrea, concedeu
entrevista à Folha, onde afirmou
que o Cake não está preocupado
em inovar, mas apenas em garantir a diversão do seu público.
Folha - O último disco da banda, ""Prolonging The Magic",
não foi tão elogiado como ""Fashion Nuggets". Como vocês encaram as críticas de que estariam se repetindo?
John McRea - A gente não está
querendo inovar nada. Só estamos querendo divertir as pessoas.
Acho que inovação é uma coisa
secundária para o serviço que realizamos. Encaro meu trabalho como um serviço cuja missão é divertir as pessoas.
Além do mais, não há nenhuma
outra banda que faça um som
igual ao nosso. Nosso som é único, e não estou preocupado em
mudá-lo simplesmente por mudar. Acho isso uma estupidez.
Folha - O que vocês estão
achando de tocar no Brasil, num
festival de jazz?
McRea - Acho que vai ser interessante tocar aí, um lugar que
sempre me atraiu, mas onde não
éramos muito populares. Parece
ser um país cheio de contrastes.
Eu gosto também de tocar em festivais de vários estilos de música,
o que parece ser o caso deste Free
Jazz.
Folha - O que você pode
adiantar sobre os shows quer
farão no Brasil?
McRea - Nós não fazemos um
set list, então não é possível adiantar muita coisa. Mas vamos dividir o show entre as músicas dos
nossos três álbuns em proporções
mais ou menos iguais.
Folha - O som do Cake chamou
a atenção por ser uma grande
mistura de estilos tradicionais.
Vocês não gostam da música
que é feita hoje?
McRea - Não. Ela não me diverte. Eu fico cada vez mais entediado com a música que os críticos
dizem que eu devo gostar.
Às vezes, consigo ouvir uma ou
outra música, mas, no geral, prefiro os clássicos de sempre. Gosto
muito de Aretha Franklin, James
Brown, Bob Wilson e Ella Fitzgerald. Por isso, muito da nossa música vem do passado. Há muita influência do country e do western,
e, obviamente, do rock. Mas, antes disso, rythm and blues e também possuímos alguma conexão
com a música latina, o punk e a
black music. Isso é o que eu ouço
e sempre gostei de ouvir, muito
mais do que o rock moderno de
hoje.
Folha - E os anos 70, onde eles
se encaixam no som de vocês?
McRea - Eu acho que os anos 70
foram um período muito importante para a história da música e
para mim em específico, pois foi
exatamente nessa época em que
eu descobri a música. Foi por isso
que decidimos regravar sucessos
desse período.
Folha - Você conhece alguma
coisa de música brasileira?
McRea -Sim, eu gosto de Tom
Jobim e Caetano Veloso, mas,
provavelmente, meu favorito é
Tom Zé. Acho que suas letras são
muito boas e sua musicalidade é
excelente.
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