UOL


São Paulo, quarta-feira, 15 de outubro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

OUTRA FREQUÊNCIA

Filme põe no ar a era de ouro da Rádio Nacional

LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A histórica Rádio Nacional do Rio de Janeiro, principal reduto artístico do Brasil na década de 40, será tema de um documentário em longa-metragem.
Batizado de "No Ar a Rádio Nacional", o projeto foi aprovado recentemente pela Ancine (Agência Nacional do Cinema). Poderá captar por leis de incentivo fiscal mais de R$ 1,8 milhão -valor significativo para um documentário.
A produção será do jornalista e diretor de TV Nelson Hoineff, 52, envolvido em outros dois documentários sobre "símbolos" nacionais: "O Velho Chacrinha" e "O Homem Pode Voar - A Saga de Santos Dumont".
Segundo Hoineff, o documentário mostrará a decadência da emissora, que chegou a ter suas instalações destruídas por cupins e goteiras, mas irá se concentrar na época em que foi vedete da era de ouro do rádio. "A estação definiu modelos de produção cultural vigentes até hoje e já teve no Brasil a importância que a Rede Globo tem atualmente", afirma.
A Rádio Nacional foi fundada em 1936 e estatizada por Getúlio Vargas, em 1940. O decreto do presidente permitiu a ela uma dupla fonte de receita -da publicidade e do orçamento do governo. Isso possibilitou grandes investimentos, como a criação de programas de auditório e jornalísticos, radionovelas e contratação dos principais artistas do país.
O roteiro está sendo elaborado por um grupo de intelectuais e profissionais ligados à área, entre eles Ricardo Cravo Albin, que já trabalhou na Embrafilme, foi roteirista de novela na Globo e atuou em nome da emissora no Conselho Superior de Censura, durante o regime militar.
Hoineff diz que sua intenção é finalizar o filme até maio de 2004. É quando a Radiobrás (estatal de comunicação do governo, à qual a Nacional está ligada) pretende reinaugurar a sede da emissora e lançar sua nova programação.
A Escola de Comunicações e Artes da USP sediará debate sobre dramaturgia no rádio. Profissionais do meio tentarão entender por que as radionovelas, que fizeram tanto sucesso antes da hegemonia da TV -principalmente na Rádio Nacional- não têm mais espaço no dial brasileiro.
O seminário também dará exemplos de países onde o gênero ainda tem relevância para o entretenimento dos ouvintes. Promovido pelo Gaudio (Grupo de Estudos e Desenvolvimento em Áudio), o encontro acontecerá nos próximos dias 22, 23 e 24, das 19h às 22h, com entrada franca. Inscrições e informações pelo telefone 0/xx/11/3091-4343.

laura@folhasp.com.br

Texto Anterior: "As Invasões Bárbaras" apresenta o ocaso de um sedutor e de seus ideais
Próximo Texto: "As idéias fora do lugar": Capital abriu mão de ideologia, diz filósofo
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.