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CINEMA
Nelson Pereira dos Santos revê trajetória
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL
No "Tarja Preta" (Canal Brasil)
dedicado a Nelson Pereira dos
Santos, 76, o apresentador Selton
Mello se joga numa missão quase
impossível ao pedir que o cineasta
fale sobre todos os filmes de sua
carreira. Se lembrarmos que o
programa dura meia hora, contando os intervalos, e que nem todos os blocos são dedicados ao diretor, a coisa se complica -isso
sem falar que Pereira tem obra extensa (atualmente trabalha no seu
20º filme, "Brasília 18%").
Nos poucos comentários que
acabam entrando no programa,
no entanto, Pereira revela muito
sobre a lógica do cinema brasileiro desde os anos 50 até hoje. Ao
falar sobre "Rio, 40 Graus" (1954/
55) -"resultado da visão de um
paulista chegando ao Rio e descobrindo as favelas"-, o cineasta
diz que, na época, não existia o
termo "corte final", que garantiria
maior autoria do diretor sobre
sua obra. "O produtor pouco se
interessava por temas sociais (...);
fiz todos os meus filmes da maneira que eu quis", afirma.
Já que hoje a bola da vez é "2 Filhos de Francisco", relembrar a
"estética da fome" ou os critérios
que norteiam a produção de um
país do Terceiro Mundo, de Pereira e Glauber Rocha, só nos resta
questões como: o Brasil evoluiu?
Ou o rico continua gostando de
ver pobre no cinema?
Em todo caso, o "Tarja Preta" vê
ainda altos e baixos do cineasta.
Pereira relembra o sucesso de
"Memórias do Cárcere" (1984) e
sua conexão com a então campanha das Diretas Já; fala de "Cinema de Lágrimas" (1995), feito em
ocasião do centenário do cinema,
e fala sobre um filme que não chegou a existir, "Guerra e Liberdade
- Castro Alves em São Paulo"
-por questões de custos, impossibilidade de merchandising para
um filme de época etc.
Tarja Preta
Quando: amanhã (19h); seg. (16h30) e
ter. (10h30), no Canal Brasil
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