São Paulo, sábado, 15 de outubro de 2005

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CINEMA

Nelson Pereira dos Santos revê trajetória

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL

No "Tarja Preta" (Canal Brasil) dedicado a Nelson Pereira dos Santos, 76, o apresentador Selton Mello se joga numa missão quase impossível ao pedir que o cineasta fale sobre todos os filmes de sua carreira. Se lembrarmos que o programa dura meia hora, contando os intervalos, e que nem todos os blocos são dedicados ao diretor, a coisa se complica -isso sem falar que Pereira tem obra extensa (atualmente trabalha no seu 20º filme, "Brasília 18%").
Nos poucos comentários que acabam entrando no programa, no entanto, Pereira revela muito sobre a lógica do cinema brasileiro desde os anos 50 até hoje. Ao falar sobre "Rio, 40 Graus" (1954/ 55) -"resultado da visão de um paulista chegando ao Rio e descobrindo as favelas"-, o cineasta diz que, na época, não existia o termo "corte final", que garantiria maior autoria do diretor sobre sua obra. "O produtor pouco se interessava por temas sociais (...); fiz todos os meus filmes da maneira que eu quis", afirma.
Já que hoje a bola da vez é "2 Filhos de Francisco", relembrar a "estética da fome" ou os critérios que norteiam a produção de um país do Terceiro Mundo, de Pereira e Glauber Rocha, só nos resta questões como: o Brasil evoluiu? Ou o rico continua gostando de ver pobre no cinema?
Em todo caso, o "Tarja Preta" vê ainda altos e baixos do cineasta. Pereira relembra o sucesso de "Memórias do Cárcere" (1984) e sua conexão com a então campanha das Diretas Já; fala de "Cinema de Lágrimas" (1995), feito em ocasião do centenário do cinema, e fala sobre um filme que não chegou a existir, "Guerra e Liberdade - Castro Alves em São Paulo" -por questões de custos, impossibilidade de merchandising para um filme de época etc.


Tarja Preta
Quando:
amanhã (19h); seg. (16h30) e ter. (10h30), no Canal Brasil


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