São Paulo, quinta-feira, 15 de novembro de 2001

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Banda fictícia invade festival em "Rock Star"

FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM LOS ANGELES

O produtor Robert Lawrence estava lendo o jornal "The New York Times" quando se deparou com uma notícia que mais parecia coisa de cinema. Era a história do líder de uma banda de fundo de quintal, desses que passam a vida homenageando uma estrela do rock, que havia sido contratado para substituir o mesmo líder que imitava. Não teve dúvida. Adquiriu os direitos sobre a reportagem e saiu à procura de um roteirista. "A história era boa demais para ser esquecida", disse.
Encontrou John Stockwell, que viu a chance de reviver sua juventude. "Em minha pesquisa, coloquei os dois pés no mundo do sexo, das drogas e do rock'n'roll, e muitas cenas que testemunhei, mesmo bizarras e megalomaníacas, foram incluídas no filme."
Com o roteiro finalizado, era hora de reunir o elenco. O produtor-executivo, George Clooney, convidou Brad Pitt para protagonista. "Brad e eu conversávamos muito sobre o filme. À noite, líamos juntos o roteiro e, sem perceber, acabei envolvida", disse Jennifer Aniston, mulher de Pitt e a mocinha de "Rock Star".
Quando Pitt se afastou das filmagens (preferiu fazer "Spy Game" com Robert Redford), Aniston resolveu entrar no elenco.
Para substituir o ator, foi chamado o ex-rapper Mark Wahlberg. "Como recusar participar de um filme no qual poderia atuar e cantar?", perguntou Wahlberg.
Mas, apesar do currículo, ele não foi capaz de dominar apropriadamente todas as notas musicais que o papel exigia e teve de dublar. "Ele tem boa voz, mas seu negócio não é heavy metal", explicou o diretor Stephen Herek. "Nunca gostei de rock pesado. Interpretar Chris foi um desafio do começo ao fim", disse o protagonista. "Só ter de colocar aquelas calças apertadas e ziguezaguear pelo palco com uma peruca enorme eram desafios suficientes."
A produção arranjou para que a banda fictícia da qual ele era o líder, a Steel Dragon, tocasse no L.A. Sports Arena para 10 mil fãs (que, na verdade, estavam ali para um festival de heavy metal com participação do Metallica).
"Alice Cooper, Pink Floyd, The Who, esses caras introduziram o exagero alegórico da época, aproximando os shows de rock de óperas. Tínhamos de retratar o espetáculo teatral que o rock dos anos 80 inaugurou", disse Herek.
Para acentuar a genuinidade da obra, as músicas que o grupo Steel Dragon toca no filme foram especialmente compostas para a fictícia banda. "Criamos não apenas as músicas, mas também a mitologia por trás delas", disse supervisor musical Budd Carr.
Mas, para Herek, o grande apelo do filme é o fato de ele tratar de um tema que é fantasia coletiva. "Todos sonhamos com o dia que seremos resgatados da obscuridade para a fama e o estrelato. "Rock Star" fala exatamente disso, mas vai mais longe e pergunta o que aconteceria se você conseguisse tudo o que sempre sonhou e percebesse que não era o bastante."
Aniston tem opinião formada a respeito: "Fama e dinheiro não trazem felicidade. São produtos efêmeros que acabam mascarando a realidade e, se não forem bem dosados, têm efeito destrutivo", diz. (ML)


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