São Paulo, quinta-feira, 15 de novembro de 2001

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CRÍTICA

Estética de heavy metal entra nas telas

DA REPORTAGEM LOCAL

Polainas, laquê e rock'n'roll. A estética "poser", de bandas de heavy metal dos anos 80 como Bon Jovi e Poison, chega aos cinemas hoje com "Rock Star".
A história é fraquinha, mas acaba sendo interessante pela ambientação. A produção foi fiel na escolha de figurinos, cabelões, trilha sonora e até nas gírias.
O fofo Mark Wahlberg (o bem-dotado de "Boogie Nights") é Chris Cole, dedicado vocalista da banda cover Blood Pollution. O grupo passa os dias tirando apenas músicas de seus ídolos, a banda inglesa de metal Steel Dragon.
Durante o dia, Chris trabalha como operador de xerox e à noite se transforma numa imitação perfeita de Bobby Beers, o vocalista do Steel Dragon. Sua obsessão é tornar-se um clone dele, reproduzindo gestos, corte de cabelo, agudos de rachar vidraça e, novidade na época, um piercing no mamilo.
Um belo dia, durante uma apresentação da banda, Chris, na fila do gargarejo, chama atenção, ao berrar todas as músicas do repertório. Dias depois, o rapaz é chamado para uma audição no escritório do grupo, que acabara de demitir o vocalista. O motivo? Bobby Beers era gay.
Se você é metaleiro de carteirinha, já sacou que o enredo tem um pezinho na história do lendário Judas Priest, banda que está na estrada há três décadas. Segundo o diretor do filme, o roteiro foi mesmo inspirado na história de Tim "Ripper" Owens, cantor de banda cover que virou vocalista do Judas em circunstâncias parecidas. Há inclusive a citação de homossexualismo, coisa que o vocalista Rob Halford admitiu somente poucos anos atrás.
De volta ao filme: a história, até aqui um conto da carochinha quase interessante, descamba então para clichês roqueiros. Chris como novo vocalista do Steel Dragon é sucesso. E dá-lhe porres absurdos, surubas, carrões, shows em que o momento máximo é a queima de fogos de artifícios, calças de couro, baixo tocado com paletada, mullets... enfim, tudo o que você já imaginou sobre o backstage do, digamos, Skid Row.
Conforme vai caminhando para o fim, o filme avança na linha do tempo do rock. Como na cena em que Chris aparece para um ensaio usando piercing na sobrancelha, camisa estampada e começa a cantar um dos rocks do Steel Dragon com inflexão de rap. Referência óbvia a Mike Patton, ex-Faith No More, uma das primeiras bandas a fazer a fusão de rap e heavy metal. (CLAUDIA ASSEF)


Rock Star
  
Direção: Stephen Herek
Produção: EUA, 2001
Com: Mark Wahlberg, Jennifer Aniston
Quando: a partir de hoje nos cines Shopping D, Morumbi e circuito



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