São Paulo, sexta, 16 de janeiro de 1998.



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Brasil se arma de grandes mostras para 1998


Prepare seus olhos e pernas! Este ano vai ser grandioso para o amante das artes e para as instituições culturais, que se prepararam para superar os recordes de 97 e trazer aquilo que o público ainda nem sabe se quer ver


CELSO FIORAVANTE
da Reportagem Local

O Masp vem com Fernando Botero, Egon Schiele e dois ou três Caravaggios. A Pinacoteca traz muito Jean Michel Basquiat, Hélio Oiticica e Jean Dubuffet. O Centro Cultural Banco do Brasil responde com Peter Greenaway, Athos Bulcão e Franz Weissmann. O Museu Nacional de Belas Artes investe em Salvador Dalí, que depois segue para São Paulo e Bahia. O Centro de Arte Hélio Oiticica destaca Eduardo Sued, José Resende e Antônio Dias. O MAM-SP faz 50 anos e convida Anselm Kiefer e vários franceses para a festa.
Ufa! Os principais museus e instituições culturais brasileiros estão assim, com uma programação para encher os olhos e aguçar os sentidos (leia a programação em quadro nesta página).
O Masp, por exemplo, passada a festa de seus 50 anos, em 97, baixa suas portas em fevereiro para dar prosseguimento às suas reformas, mas volta já em março com a mostra do colombiano Fernando Botero, prevista para o ano passado.
A mostra será a primeira atração populista do museu, que deve, este ano, lutar para manter -ou superar- o "salto qualitativo e quantitativo" (nas palavras de seu presidente, Júlio Neves) estabelecido pelo museu no ano passado. Segundo Neves, no ano passado, o Masp recebeu cerca de 850 mil visitantes e, assim, quintuplicou a audiência do ano anterior: cerca de 170 mil.
Outro que deve atrair uma visitação em massa é o surrealista Salvador Dalí (1904-1989), que chega com mais de cem obras, entre pinturas, esculturas, objetos e documentação. A curadoria é do francês Robert Descharnes, que controla os direitos de reprodução e uso da imagem do pintor até 2004, quando Dalí completaria 100 anos.
A mostra passa antes pelo Museu Nacional de Belas Artes, no Rio, que aposta na mostra para quebrar o recorde nacional de visitação de uma exposição de arte, estabelecido pelo museu no ano passado com a mostra "Monet", que recebeu 432 mil pessoas (veja quadro com mostras que receberam mais de 10 mil visitantes nesta página).
Dalí segue depois para o MAM-Bahia, que também receberá a imperdível mostra de Jesús Soto (em cartaz no MAC-Ibirapuera) e serigrafias de Andy Warhol.
A Pinacoteca do Estado passará por uma situação inédita a partir de março, quando acumula duas sedes: no parque Ibirapuera e na estação da Luz, que terminará suas reformas. Também por isso a programação é das mais consistentes.
O prédio no Ibirapuera começará o ano recebendo uma preciosa coleção de jóias e objetos em ouro confeccionados há milhares de anos por três civilizações que habitaram o território italiano: etrusca, romana e grega. São braceletes, colares, anéis, brincos, broches, placas, urnas funerárias, medalhas e moedas ricamente trabalhados.
Também em março, na mesma sede, a Pinacoteca estará recebendo mais de cem obras de Jean Michel Basquiat (1960-1986), artista que o país passou a conhecer melhor em 1996, por meio de suas obras apresentadas na última Bienal e do filme "Basquiat".
O reestruturado prédio neoclássico do arquiteto Ramos de Azevedo, na estação da Luz, a sede primeira da Pinacoteca, reabrirá suas portas com uma mostra do escultor francês Antoine Bourdelle (1861-1929).
No Rio de Janeiro, o também neoclássico edifício do Centro Cultural Banco do Brasil abriga uma programação eclética. Começou esta semana com a retrospectiva de Siron Franco e continua na próxima semana com a mostra de Athos Bulcão (conhecido pelos painéis criados para obras de Portinari). Também estão previstas no CCBB mostras de design, quadrinhos e multimídia.
O grande destaque fica por conta do cineasta inglês Peter Greenaway, que terá retrospectiva de seus filmes para cinema, vídeo e TV. Greenaway também pinta e estará expondo esse seu lado pouco conhecido por aqui, junto com uma grande instalação.
Duas outras instituições paulistas também têm programação reforçada este ano. O mérito maior do Memorial da América Latina é trazer a venezuelana bienal do barro. Já o Paço das Artes investe corajosamente em corpo e sexualidade. Seu primeiro destaque são os escatológicos Gilbert & George. Tenta ainda trazer as fotografias do norte-americano John Coplans, que trabalha com deformação do corpo, e do japonês Nobuyoshi Araki, que retrata perversões do cotidiano e da sexualidade.



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