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CINEMA/ESTRÉIAS
No auge, Nicole Kidman se diz insatisfeita em sua carreira e afirma que "batalha para fazer cinema"
Ela disse, ele disse
RYAN GILBEY
DO "INDEPENDENT"
Nicole Kidman, 36, nasceu no
Havaí e foi criada em Sydney. Em
seu segundo grande papel, em
"Dias de Trovão", conheceu Tom
Cruise, que se tornaria seu marido. Depois de atuar em "De Olhos
Bem Fechados", o casal se divorciou, em 2001. Desde então ela foi
vitoriosa em papéis aventurosos e
ganhou o Oscar por seu trabalho
em "As Horas", em que fez Virginia Woolf. No momento Kidman
está saindo com Lenny Kravitz.
Pergunta - Você sente que está
no auge de sua vida profissional?
Nicole Kidman - De maneira alguma. Nunca fiquei muito satisfeita com meu trabalho, não
quando o vejo na tela. Recentemente a Cinemateca Americana
me deu um prêmio, e a cerimônia
consistiu na exibição de uma série
de clipes de meu trabalho, e todos
aqueles grandes diretores estavam lá. Pensei: "Isto é horrível, eu
não sei mesmo atuar". Fiquei superconstrangida. Vou fazer um
filme com Sydney Pollack em
março, e eu estava certa de que ele
ia me demitir. Eu me voltei para
ele e disse: "Sydney, vou entender
perfeitamente se você não me
quiser mais para o filme".
Sinto como se passasse meu
tempo inteiro batalhando para
continuar a fazer cinema. Fiquei
sabendo que Judi Dench sente a
mesma coisa em relação ao trabalho dela. Foi um alívio.
Pergunta - Você tem uma lista de
cineastas com quem gostaria de
trabalhar?
Kidman - Gosto de François
Ozon, mas Wong Kar Wai é basicamente Deus. Eu o adoro. Estivemos juntos há pouco e discutimos
algumas idéias. É essa a coisa dele:
ele trabalha em cima de idéias. Alguém me perguntou se era um
risco, mas eu o vejo mais como
uma bênção. Os filmes que seguem fórmulas são um risco porque você sabe que precisa passar
por eles sem se deixar corromper.
Pergunta - A mulher que você representa em "Dogville" é tratada
com brutalidade. Você já assistiu
ao filme junto com uma platéia?
Kidman - Em Cannes. Foi duro
estar com milhares de pessoas e
me ver sendo humilhada na tela.
Pergunta - Na sessão à qual eu
fui, o público aplaudiu quando você se vingou.
Kidman - É verdade? Meu Deus
-fiquei com arrepios nos braços
quando você me disse isso.
Pergunta - Já ouvi dizer que você
se sente atraída por qualquer coisa
que a assusta.
Kidman - É verdade. Uma amiga
me disse uma vez que eu danço
perto demais da chama. Quer dizer que vou acabar me queimando. Se alguma coisa me assusta, ao
mesmo tempo me atrai. Não falo
só em termos profissionais. Já se
sentiu em pé sobre um telhado e
atraído para cada vez mais perto
da beirada? Fico em pé lá e digo a
mim mesma: "Pule!". E preciso literalmente me segurar. Ou então,
quando estou esquiando ou caminhando, sempre me sinto atraída
para a beira do abismo.
Tradução de Clara Allain
Tom Cruise fala sobre aproximação à cultura japonesa e como escolhe os filmes em que tem participado
PAOULA ABOU-JAOUDE
FREE-LANCE PARA A FOLHA DE LOS ANGELES
Aos 41 anos, Tom Cruise espera
conquistar sua quarta indicação
para o Oscar. Para viver o protagonista de "O Último Samurai",
de Edward Zwick, que estréia hoje
no Brasil, o ator acumulou quase
doze quilos de músculo, aprendeu a falar japonês e uma luta secular de espada.
Cruise, que interpreta no filme o
oficial americano Nathan Algren,
raptado por samurais e que depois os ajuda a combater o exército moderno do imperador, já conquistou uma indicação de melhor
ator no Globo de Ouro. O ator falou à Folha, em Los Angeles.
Folha - De tudo o que você teve
que aprender sobre a cultura dos
samurais, o que mais o surpreendeu?
Tom Cruise - O Bushido, o código
que regia os samurais, que prega
coisas que são particularmente
muito importantes para mim e
nas quais acredito piamente: a
honra, a coragem e a compaixão.
Foi muito triste chegar ao Japão e
descobrir que a nova geração não
tem idéia do que seja o Bushido.
Folha - Assim como "Matrix" ou
"Kill Bill", de Quentin Tarantino,
"O Último Samurai" é mais um filme hollywoodiano recente relacionado à cultura oriental. Como você
vê essa influência?
Cruise - O cinema asiático moderno definitivamente mudou a
face de Hollywood. John Woo pode ser creditado por isso. A respeito dos filmes de samurai, existe
algo muito "cool" e universal sobre eles. É difícil algum grande diretor hoje não ter sido influenciado pelos filmes de Akira Kurosawa. "Os Sete Samurais" é um obra
prima, um filme que trata de humanismo com muita elegância.
Folha - Do ponto de vista de uma
pessoa interessada em outras culturas, o que o incomoda nos EUA?
Cruise - Não acho que seja algo
que aconteça somente nos EUA, e
sim universalmente, que é o aumento de números de crianças
com ensino precário e dependentes de drogas terapêuticas. São 8,5
milhões delas somente em meu
país. Sou praticante da igreja da
Cientologia e vivo presenciando
pequenos milagres de pessoas
que aprendem com a técnica estudantil de L. Ron Hubbard (o criador da igreja). Sou disléxico e sei
das barreiras que uma criança pode enfrentar para aprender.
Folha - Além de ator, é também
produtor de "O Último Samurai".
Como escolhe um projeto?
Cruise - Tudo depende da carga
emocional que um roteiro desperta. Por exemplo: sei que "Cold
Mountain" vai ser um sucesso, e
que Jude Law está magnífico. Mas
era um projeto que me foi oferecido e que eu não me via nele, mesmo que o diretor fosse alguém do
calibre de Anthony Minghella.
Folha - Você tem um relacionamento com a atriz espanhola Penélope Cruz que levanta curiosidade.
Cruise - (risos) Penélope é uma
mulher romântica como eu. Ela
não se interessa por presentes caros. Ela nem usa jóias! Ela gosta de
cartinhas, de sair para jantar e de
caminhar na montanha.
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